Em Portimão, as paróquias de Nossa Senhora do Amparo e da matriz têm a funcionar grupos de apoio a pessoas em luto que asseguram acompanhamento técnico por parte de psicólogas enquadrado pela dimensão da espiritualidade, embora o da segunda paróquia seja especificamente para pais que perderam os filhos.
Segundo os párocos, a ideia é que as pessoas que recorrem àquele serviço se sintam também acompanhadas por outras que passam ou já passaram pela mesma situação. “Penso que ninguém poderá compreender verdadeiramente a dor que significa [perder um filho], a não ser quem se encontra na mesma trágica situação”, afirmou o pároco da paróquia da matriz de Portimão ao Folha do Domingo, acrescentando que “o objetivo é que se sintam acompanhadas por outras pessoas que entendem verdadeiramente o seu sofrimento, para que juntas possam viver uma situação, que é humanamente tão difícil, à luz da fé e da esperança”.
O padre Mário de Sousa acrescenta que o que levou a paróquia a criar aquele serviço foi “haver na comunidade um número considerável de pais que passa pela dolorosa situação de ter visto um filho partir para a eternidade”.
Também um dos párocos de Nossa Senhora do Amparo refere tratar-se de um “espaço de partilha”. “O objetivo é as pessoas encontrarem um espaço onde podem falar e ouvir”, esclarece o padre Frederico de Lemos, sacerdote jesuíta.
Naquela paróquia, os encontros começaram há três anos por sugestão da própria técnica que acompanha o grupo, cujas reuniões são participadas por cerca de uma dezena de elementos. “A proposta foi feita pela psicóloga e pareceu-nos que era um serviço que se podia abrir”, contou o pároco, explicando que o grupo é “muito incipiente”. “Não é bem um grupo. Há pessoas que aparecem uma vez e voltam três meses depois, outras que aparecem uma vez e já não voltam e outras que são regulares”, concretizou, explicando que as pessoas, “umas que frequentam a paróquia, outras nem tanto”, “aparecem segundo a sua disponibilidade e também conforme a necessidade que têm”.
“Procura-se ajudar as pessoas enquanto precisam de falar daquilo que estão a viver e ao mesmo tempo a ouvir outros que vivem situações semelhantes”, complementou, acrescentando que o serviço continuará “enquanto servir às pessoas, mesmo que seja incipiente e tenha pouca gente”. O sacerdote, que admite haver “lutos mais específicos, talvez mais difíceis de fazer”, adianta haver algumas pessoas que são “acompanhadas com regularidade pela psicóloga”.
Na paróquia da matriz de Portimão, o serviço teve início no passado mês de janeiro e a sua constituição é fixa. É constituído por 15 elementos – maioritariamente mães, mas também alguns pais – e não admite mais membros “por razões de estabilidade e coesão”.