A representação da Diocese do Algarve nas Jornadas Nacionais de Catequistas foi uma das três maiores, logo atrás da de Angra e da de Braga.
Na iniciativa de formação, que teve lugar em Fátima no último fim de semana de 22 e 23 de outubro, participaram 74 catequistas algarvios, oriundos das paróquias de Almancil, Castro Marim, Ferreiras, Loulé, Olhão, Portimão, Quarteira, Santa Bárbara de Nexe, Santa Catarina da Fonte do Bispo, São Luís de Faro, Silves e Tavira. Os catequistas refletiram sobre o Diretório para a Catequese, editado pelo Vaticano em 2020, e que se constitui como documento orientador para o setor.
A responsável do Setor da Catequese da Infância e Adolescência da Diocese do Algarve, em declarações ao Folha do Domingo, considera “muito positivo”, não só a numerosa participação, mas que esta tenha ocorrido através da inscrição por grupos paroquiais.
A irmã Arminda Faustino, que é também a coordenadora do Departamento de Catequese no Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) que promoveu as jornadas, realça “a necessidade que as pessoas sentem de se reencontrarem, de estarem juntas, de partilharem e de sentirem a Igreja”. “Sentimos isso com a presença numerosa de várias dioceses”, sustentou.
“O tempo da pandemia fez com que as pessoas fossem acompanhando ou tentando perceber o caminho que se estava a fazer”, considera, admitindo que o tema do encontro – “A identidade da catequese no Diretório” – possa ter ajudado à participação.
A religiosa das Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus realça “a comunhão existente entre os diferentes secretariados e dioceses” e a “sensibilização nas dioceses”. “Este trabalho tem-nos sentado juntos a trabalhar no mesmo. Sentimos que não é fácil e precisamos de todos. Talvez os secretariados e as dioceses estejam a congregar e a sintonizar mais, integrando novos desafios e novos elementos”, acrescenta.
Aquela responsável constata, por outro lado, o desejo de os participantes “procurarem alguma coisa mais, não só para a sua autoformação, mas também para irem entrando mais naquilo que é a catequese hoje face aos desafios que vão aparecendo”. A irmã Arminda Faustino admite nos participantes a “consciência de querer saber um pouco mais em que é que consiste este serviço da catequese na Igreja e nas comunidades”. “Precisamos sempre mais de ter esta consciência daquilo que é a nossa missão e a vocação dos catequistas e dos agentes da pastoral”, considera, acrescentando ser importante aproveitar as oportunidades formativas que são dadas.
As jornadas nacionais, com a participação de cerca de 600 catequistas, abriram com a intervenção do secretário da Comissão Evangelização, Catequese e Catecumenado de Espanha. Segundo a Agência Ecclesia, o padre Francisco Romero pediu aos catequistas que sejam “provocadores”. “Os catequistas têm hoje de ser provocadores, mais do que transmitir muitas coisas devem estar atentos aos que se abeiram da Igreja para não se correr o risco de dar respostas a perguntas que não se fazem”, sublinhou o sacerdote espanhol.
Já Vânia Pereira, da equipa arquidiocesana de coordenação do processo sinodal de Braga, desafiou os catequistas a uma “mudança de paradigma na transmissão da fé”. Na conferência ‘A Catequese na vida das pessoas e das comunidades eclesiais’, a responsável apelou a uma “criatividade próxima”, capaz de “abrir as portas para gerar relação com o outro”. “A criatividade do catequista, e das próprias comunidades, é exigente porque tem de ser próxima da realidade”, observou.
Numa intervenção divulgada pelo portal Educris do SNEC, Alfredo Teixeira advertiu que a catequese não vai chegar “aos novos lugares da sociedade” se repetir fórmulas e modelos de ação. “O pluralismo social requer escuta, disponibilidade e descoberta”, sublinhou o docente da Universidade Católica Portuguesa. o antropólogo declarou que, se a catequese, em todos os seus processos e ação, “insistir na aplicação de antigas fórmulas de atuação, não chegará a tocar a complexidade da sociedade atual que se autonomizou e gerou novos lugares de interlocução”.
Segundo o Educris, Teresa Bartolomei afirmou que a catequese deve ser lugar de “reconhecimento da indigência, da fragilidade e da vulnerabilidade” para que se formem verdadeiras comunidades de fé. “Muito do constante mal-estar juvenil nasce desta incapacidade de aceitar a fragilidade. Tendem a esconder-se as derrotas porque o mundo em que se habita hipervaloriza o sucesso e uma determinada aparência de perfeição. A catequese deve ser um momento de partilha de vida, de acolhimento dos sonhos, das intuições do destinatário”, sustentou.
com Agência Ecclesia e Educris