O Seminário da Diocese do Algarve promoveu no passado sábado, 16 de março, um ‘Dia Aberto’ de visita à instituição, desafio que foi aceite por cerca de 40 jovens de várias paróquias algarvias.

À chegada ao Seminário de São José, em Faro, os grupos foram recebidos pelos padres António de Freitas e Samuel Camacho, respetivamente, reitor e prefeito da instituição.

O padre António de Freitas explicou que aquela iniciativa se destina a grupos de catequese ou de jovens que queiram vir “passar o dia”, “conhecer a casa e a vida da comunidade”, “almoçar ou fazer atividades”. O reitor incentivou os jovens a fazerem todas as perguntas que quisessem sobre a vida na instituição.

O padre Samuel Camacho explicou que com ele e com o padre António de Freitas vivem mais oito rapazes, sete deles seminaristas – um de Portimão, outro de Timor, três de Angola e dois de Cabo Verde – que estão a frequentar o ano propedêutico, que disse ser um “ano de reflexão” sobre se o caminho da sua vida passa por serem padres. O outro elemento é o Bruno Valente que, já tendo concluído a formação de seminarista, abraçará agora o tempo de estágio pastoral já numa paróquia.

Aquele sacerdote explicou que a equipa formadora integra também o frei Bruno Peixoto, sacerdote franciscano, que é o diretor espiritual.


Os jovens puderam visitar alguns dos principais espaços do Seminário, como a sala do trono, a sala de estudo e biblioteca, a sala de formação, a biblioteca antiga, a capela, a cozinha e o refeitório e ouviram o testemunho por videoconferência de duas postulantes do Carmelo de Faro, no Patacão, e presencial do seminarista André Fonseca. No final das intervenções, seguiram-se espaços de diálogo em que tiveram oportunidade de fazer várias perguntas.


A irmã Mariana de Jesus e de São José, pertencente à comunidade algarvia das Carmelitas Descalças, explicou que chegou há três anos ao Carmelo, juntamente com a irmã Júlia Maria do Menino Jesus, ambas de 22 anos.

Natural de Pêra, a irmã Mariana contou que desde cedo frequentou a catequese e participou na Eucaristia, mas no início da juventude resolveu deixar a Igreja. Tendo voltado mais tarde por se sentir “vazia”, surgiu então, depois de experimentadas outras opções, a possibilidade da vocação à vida consagrada. Explicou que ao chegar ao Carmelo algarvio o que a marcou, mais do que a conversa com a madre, foi a sensação semelhante à que se tem quando se chega exausto a casa, após um dia de calor intenso.

Começou por fazer uma semana de experiência naquele Carmelo juntamente com a irmã Júlia e acompanhou-a a ela e à sua família numa peregrinação ao Santuário de Lourdes, em França. Ao visitar a capela do Santíssimo Sacramento diz ter vivido uma experiência de conversão com o “sentimento de um amor e de um perdão profundos” que não consegue explicar por palavras, à qual se seguiu a experiência, feita por ambas, de mais um mês de vivência vocacional no Carmelo.
Já a irmã Júlia, natural de Lisboa, explicou que aquela comunidade de Carmelitas Descalças foi unida por Jesus que “chamou a cada uma” para ali “oferecer a sua vida pela Igreja e pelo mundo”. “Como é que oferecemos a nossa vida? Somos missionárias pela oração. A nossa vida é toda para ser entregue na oração para que haja frutos na Igreja e no mundo”, afirmou, definindo oração como “uma relação de amizade com Jesus”. “Nós somos mulheres orantes. Quer estejamos a rezar, a ler ou a trabalhar, as mãos e a inteligência trabalham, mas o coração está unido a este Jesus”, acrescentou.

A irmã Júlia disse ainda que no mosteiro de clausura o ambiente é “propício” a essa relação. “Temos o silêncio que nos ajuda a escutar a Deus; a solidão, porque para ter uma relação íntima temos de estar a sós com este amigo; e a clausura que nos ajuda a distinguir entre o que é essencial e o que é acessório”, sustentou.

A religiosa, que explicou como é vivido um dia no Carmelo, comparou a missão orante das Carmelitas Descalças à do “coração que dá força a todos os membros” restantes do corpo e considerou que a Igreja reconhece na sua oração “a força e eficácia de todas as obras de evangelização”.
O ‘Dia Aberto’ foi realizado no âmbito da celebração do Dia do Seminário que ocorre amanhã, 19 de março, dia de São José, padroeiro da instituição.