Após uma noite em que dormiram ao relento, os 391 algarvios que participaram no Jubileu dos Jovens em Roma (Itália) estiveram esta manhã na Missa conclusiva presidida pelo Papa na zona de Tor Vergata, nos arredores da cidade, juntamente com mais de um milhão de participantes.
Na Eucaristia, Leão XIV apelou à superação de lógicas de consumo e de materialismo. “Comprar, acumular, consumir não basta. Precisamos de levantar os olhos, olhar para cima, para as coisas do alto, para perceber que, entre as realidades do mundo, tudo tem sentido apenas na medida em que serve para nos unir a Deus e aos irmãos na caridade, fazendo crescer em nós sentimentos de ternura, de bondade, de humildade, de mansidão, de magnanimidade, de perdão, de paz”, disse.
Leão XIV, que na tarde de sábado tinha presidido à vigília de oração em Tor Vergata, voltou a falar em italiano, espanhol e inglês aos peregrinos dos cinco continentes.
A intervenção lançou questões aos jovens: “O que é realmente a felicidade? Qual é o verdadeiro sabor da vida? O que nos liberta dos pântanos do absurdo, do tédio, da mediocridade?”. “O encontro com o Ressuscitado muda a nossa existência e ilumina os nossos afetos, desejos e pensamentos”, indicou o pontífice.
Partindo das passagens bíblicas lidas na celebração, o Papa começou por refletir sobre a “fragilidade” da vida, usando a imagem do campo florido. “Claro, é delicado, feito de caules finos, vulneráveis, sujeitos a secar, dobrar-se, partir-se, mas, ao mesmo tempo, imediatamente substituídos por outros que brotam depois deles”, indicou, falando na importância de uma “existência que se renova constantemente no dom, no amor”.
Leão XVI identificou o desejo a “algo mais” nos jovens, uma sede “que nenhuma bebida deste mundo pode saciar”. “Diante dela, não enganemos o nosso coração, tentando extingui-la com subterfúgios ineficazes! Antes, ouçamo-la! Façamos dela um estrado para subir e espreitar na ponta dos pés, como crianças, pela janela do encontro com Deus”, recomendou.
Ao chegar a Tor Vergata, o Papa saudou a multidão, que passou a noite no local, após a vigília de oração de sábado, percorrendo o espaço em carro aberto antes de regressar ao Vaticano de helicóptero.
“Nos últimos dias, vivestes muitas experiências bonitas. Encontrastes-vos com jovens da vossa idade, vindos de várias partes do mundo, pertencentes a diferentes culturas”, reconheceu, na sua homilia “Trocastes conhecimentos, partilhastes expectativas, dialogastes com a cidade através da arte, da música, da informática, do desporto. No Circo Máximo, aproximando-vos do Sacramento da Penitência, recebestes o perdão de Deus e pedistes a sua ajuda para uma vida boa”, acrescentou.
25 anos depois do histórico encontro de jovens com João Paulo II, na esplanada de Tor Vergata, por ocasião da JMJ 2000, Leão XIV citou o Papa polaco para apresentar Jesus como a fonte da “esperança”. “Mantenhamo-nos unidos a Ele, permaneçamos sempre na sua amizade, cultivando-a com a oração, a adoração, a Comunhão eucarística, a confissão frequente, a caridade generosa, como nos ensinaram os beatos Piergiorgio Frassati e Carlo Acutis, que em breve serão proclamados santos”, declarou.
“Com a sua ajuda, ao regressarem nos próximos dias aos vossos países, em todas as partes do mundo, continuai a caminhar com alegria seguindo as pegadas do Salvador e contagiai com o vosso entusiasmo e o testemunho da vossa fé todos aqueles que encontrardes. Bom caminho!”, desejou.
Na celebração, os jovens rezaram pelos governantes mundiais, para que “cessem as atrocidades da guerra e se construa um mundo justo e fraterno”. Uma das intenções da oração universal foi proclamada por um jovem português: “Que o Deus da esperança conduza os jovens no meio dos desafios do tempo presente, a fim de que realizem os desejos de bem que o Espírito infunde nos seus corações”.
Antes de iniciar a Eucaristia, o Papa quis subir ao altar para saudar a multidão, desejando “bom dia a todos” e um bom domingo. “Espero que tenham conseguido descansar um pouco”, disse, antes de abençoar a multidão, desejando que esta seja uma “ocasião memorável”. “Quando, como Igreja de Cristo, seguimos e caminhamos juntos, vivemos com Jesus”, indicou.
No final da Missa, o Papa anunciou a data da próxima Jornada Mundial da Juventude em Seul, na Coreia do Sul, será realizada de 03 a 07 agosto de 2027, com o tema “Tenham coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16, 29-33). Depois da Missa regressou ao altar para agradecer a todos por aquele Jubileu e para lembrar aos jovens que eles são o sal da terra e a luz do mundo. Leão XIV passou de novo pela multidão para saudar a todos depois em carro aberto.
Milhares de jovens de todo o mundo chegaram a Roma desde a última segunda-feira para o seu encontro jubilar, uma das maiores celebrações do Ano Santo.
De Portugal partiu uma delegação de 11.527 participantes, a maior num evento do género, no estrangeiro; a Jornada Mundial da Juventude decorreu em Lisboa, em agosto de 2023. Do Algarve participaram 391 elementos: 367 que chegaram a Roma na última segunda-feira e desde ontem mais 24, pertencentes ao Caminho Neocatecumenal, que se juntaram ao contingente oriundo da diocese. Os neocatecumenais participarão ainda amanhã, 04 de agosto, num encontro vocacional com Kiko Argüello, um dos fundadores do Caminho Neocatecumenal, em Tor Vergata. Os restantes regressarão esta tarde ao Algarve.
O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.
com Agência Ecclesia