O sacerdote que coordena o trabalho de construção dos novos materiais catequéticos no âmbito do novo itinerário para a catequese em Portugal veio esta semana ao Algarve explicar aos catequistas da diocese que os novos recursos pretendem ajudar a “dizer Deus de uma maneira que faça a ponte entre aquilo que Ele revelou em Jesus de Nazaré e a vida concreta” dos catequizandos.
O padre Rui Alberto, da Salesianos Editora que em co-edição com o Secretariado Nacional da Educação Cristã tem sido responsável pelos novos catecismos, guias dos catequistas e diverso material de apoio às catequeses, orientou três encontros de apresentação da coleção ‘Emaús’, levados a cabo através do Setor Diocesano da Diocese do Algarve (SDCIA), realizados nas três regiões pastorais que constituem a diocese algarvia.
No dia 01 de abril esteve em Portimão, no Centro Pastoral de Nossa Senhora do Amparo, com os catequistas das paróquias que constituem a região pastoral do barlavento; no dia 02 de abril em Albufeira, no Centro Pastoral Beato Vicente, com os catequistas das paróquias que constituem a região pastoral do centro; e ontem, 03 de abril, no salão paroquial de Olhão com os catequistas das paróquias que constituem a região pastoral do sotavento. No total estiveram presentes cerca de 160 participantes, incluindo o diretor do Secretariado da Catequese da Diocese do Algarve, o padre Pedro Manuel, e a a coordenadora do SDCIA, a irmã Arminda Faustino.
O sacerdote salesiano explicou que o projeto de renovação da catequese em Portugal pretende “celebrar a vida cristã na liturgia, mas ligando-a à vida quotidiana”. “Não nos interessa tanto alargar os conhecimentos, mas aprofundá-los”, reforçou, aludindo a “uma experiência, cada vez mais, profunda dos mistérios da fé” – que disse não serem “enigmas”, mas “a realidade de Deus em ação” – e que permita “ler e entender a vida à luz da fé” e “uma inserção na vida da comunidade”.


Referindo que os bispos portugueses “não apenas decidiram mudar os materiais, mas também a arquitetura” da catequese, o formador lembrou que o projeto é constituído por quatro tempos “qualitativamente diferentes”: o ‘Despertar da Fé’, correspondente ao período pré-escolar; a ‘Iniciação à Vida Cristã’, correspondente ao 1º ciclo; o ‘Aprofundamento Mistagógico’, correspondente ao período do 5º ao 8º ano; e o ‘Discipulado Missionário’, equivalente à fase do 9º ano em diante.

Ao nível do ‘Aprofundamento Mistagógico’ (AM), o sacerdote disse ser constituído por quatro percursos e que no primeiro ano (AM1 – correspondente ao 5º ano) os catequizandos irão “descobrir a Bíblia”, ou seja, “Deus que se revela”. No segundo (AM2 – correspondente ao 6º ano) disse que deverão ser levados a responder à “revelação de Deus”, aludindo ao ensino do Credo, e no terceiro (AM3 – correspondente ao 7º ano) se procurará mostrar que “Deus, que se revelou no passado, está vivo e em ação na Igreja, particularmente nos sacramentos”. “No 8º ano [AM4], Deus que se revelou, que encontrámos e que nos alimenta nos sacramentos, muda a nossa liberdade, torna-nos capazes de um estilo de vida melhor”, acrescentou.

O padre Rui Alberto explicou ainda que o AM está organizado em 30 catequeses (ainda que algumas se desdobrem em duas ou três) divididas por três blocos (com cerca de 10 encontros cada): um primeiro bloco a desenvolver até ao Natal, um segundo entre o Natal e a Páscoa e um terceiro da Páscoa até ao final do ano letivo.

Para além disso, as catequeses também têm verbos associados. A primeira catequese de cada bloco tem associado o verbo festejar e consiste mesmo num encontro festivo. Seguem-se os encontros marcados pelo verbo reconhecer, em que os catequizandos são convidados a “observar a realidade à sua volta”, e depois os que são associados aos verbos interpretar e escolher. “Depois de reconhecermos a realidade que está à nossa volta, vamos procurar interpretar. Interpretamos essa realidade a partir da Palavra de Deus ou da oração. Isso leva-nos a escolher, a transformar a maneira como estamos na vida”, esclareceu.

O formador acrescentou ainda que para além dos encontros semanais, o AM inclui ainda “um outro lugar de catequese”: “o projeto”. “Em cada trimestre, o grupo de catequese, animado pelo catequista, vai orientar o projeto. O projeto é algo que o próprio grupo sonha, pensa, escolhe, planifica, executa e, depois, avalia”, explicou, acrescentando que permite uma “experiência de serviço”.

O editor referiu ainda que o AM pretende “juntar os pais todos” e, por isso, preconiza também “três encontros de pais por cada bloco”. “Não é uma catequese sistemática, mas um espaço de encontro”, esclareceu, admitindo que “pode ser um espaço interessante de evangelização” e revelando que na etapa designada ‘Iniciação à Vida Cristã’ é que “vai haver catequese para os pais que quiserem”.

Até ao momento já foram editados os recursos correspondentes ao AM3 e AM4 e aquele responsável adiantou que no próximo verão sairá o AM1.
Sobre o ‘Discipulado Missionário’ (DM), o padre Rui Alberto explicou que a sua designação é inspirada na ideia do Papa Francisco sobre os cristãos. “O Papa chama a atenção de que somos discípulos e devemos ser também missionários”, afirmou, explicando que naquela etapa se “reconhece o protagonismo dos jovens”. “Os miúdos têm 15, 16, 18 anos, já têm outra liberdade e outra autonomia e está na hora de se comprometerem neste esforço missionário”, sustentou.

O formador explicou que o DM tem quatro percursos regulares – ‘Raízes’ (DM1), ‘Sonhos’ (DM2); ‘Trilhos’ (DM3) e ‘Escolhas’ (DM4) – e um outro de preparação para o Crisma que cada diocese decide em que fase da caminhada deve ser encaixado. O padre Rui Alberto lembrou que o DM é constituído em cada ano por um encontro inicial e quatro catequeses, cada uma delas com quatro encontros. “Cada um dos quatro encontros está marcado por um verbo”, prosseguiu, explicando que “escuta” respeita à Palavra de Deus, que “observa” implica olhar à realidade circundante, que “reza” é dedicado à oração e que “vive” se refere às conclusões práticas a que o catequizando deve chegar.

O DM também inclui um projeto que o salesiano disse dever ter um “tom missionário” e “ajudar o grupo a sair da sua zona de conforto”. Até ao momento já foram editados os recursos correspondentes ao DM1, correspondente ao 9º ano, o padre Rui Alberto adiantou que até ao verão sairá os do DM2, correspondente ao 10º ano.