A comunidade cabo-verdiana no Algarve voltou a reunir-se hoje, no Dia do Trabalhador, para celebrar a fé e a cultura.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O encontro, que teve novamente lugar em Loulé, iniciou-se no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como «Mãe Soberana», com a celebração da Eucaristia que foi presidida pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, e concelebrada pelo bispo emérito de São Tomé e Príncipe, D. Manuel António dos Santos, a colaborar com a Igreja do Algarve.

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Concelebrante foi também o vigário-geral da Diocese do Algarve, cónego Carlos César Chantre, também ele cabo-verdiano, assim como o pároco de Loulé e reitor daquele santuário, cónego Carlos Aquino, o seu capelão, padre Carlos de Matos, e o assistente do Secretariado da Mobilidade Humana da Diocese do Algarve, padre Paulinus Anyabuoke. A celebração contou ainda com o serviço do diácono Bruno Valente.

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O encontro era para ter contado com a presidência do cardeal Arlindo Furtado, que não pôde vir por causa da morte do Papa Francisco e que agora está em Roma a participar nos trabalhos preparativos do conclave que terá início na próxima semana. “Temos muita pena – e eu de maneira particular – que o senhor D. Arlindo não esteja aqui connosco a presidir a esta Eucaristia”, afirmou o bispo do Algarve.

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D. Manuel Quintas manifestou o seu reconhecimento aos cabo-verdianos pelo seu “contributo para o progresso” do Algarve e também o seu “testemunho de fé, de vida e de valores” que disse serem “uma referência” para a Igreja algarvia. O bispo diocesano realçou que “aqueles que, para encontrar melhores condições de vida, tiveram de deixar a sua terra e a sua família, mas não as suas raízes, a sua cultura e os seus valores humanos, com os quais e também com o seu trabalho honesto, fonte de dignidade e de progresso pessoal e social, enriqueceram esta região algarvia e também esta Igreja diocesana”.

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O bispo do Algarve considerou que aquele encontro anual “constitui sempre uma oportunidade para evocar a história” do seu povo, “marcada pela coragem e determinação que sempre acompanharam a condição de migrantes que exige um esforço diário para garantir o pão de cada dia” e que “nunca perderam a fé e a esperança de encontrar uma vida melhor”.

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“Neste dia rezamos por todos os trabalhadores, sobretudo os cabo-verdianos espalhados pelo mundo, particularmente aqueles que se encontram nesta região do Algarve. Rezamos também por aqueles que estão desempregados, sem trabalho, frágeis na saúde que não lhes permite trabalhar, os que sofrem injustiças laborais, aqueles que lutam para dar uma vida melhor aos seus filhos”, prosseguiu D. Manuel Quintas, desejando que aquele encontro possa fortalecer a sua “identidade, a cultura e os valores” que os caraterizam.

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O encontro contou ainda com a presença de dois membros do governo cabo-verdiano: o ministro da Promoção de Investimentos e Fomento Empresarial, que é simultaneamente ministro da Modernização do Estado e da Administração Pública, Eurico Correia Monteiro, e o secretário de Estado das Finanças, Alcindo Mota.

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O ministro lembrou ser a quarta vez que participa naquela festa. “Esta celebração combina muito bem com aquilo que nós somos como cabo-verdianos, um povo essencialmente cristão e maioritariamente católico. Representa aquilo que somos como povo migrante em busca de melhor vida e melhores condições um pouco por todo lado, na Europa, na América, levando a nossa história, a nossa cultura e a paz e a solidariedade que cultivamos”, afirmou o governante.

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Eurico Monteiro acrescentou ainda que aquele encontro “também casa bem” com aquilo que os cabo-verdianos são. “Somos um povo muito trabalhador que vive do trabalho. Vivemos num país com escassos recursos, mas construindo e avançando, a pouco e pouco, vamos alcançar novos patamares e melhores condições de vida para todos os cabo-verdianos”, sustentou, acrescentando que “o amor ao trabalho, ao próximo e a cultura de responsabilidade e respeito diz muito daquilo que é Cabo Verde e os cabo-verdianos”.

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A Missa – que incluiu a nomeação dos “juízes” do próximo ano, responsáveis por financiar aquele encontro –, para além dos ritmos africanos, incluiu ainda uma encenação realizada por crianças e jovens.

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Depois da Eucaristia, o encontro, promovido pela Associação Esperança e Paz, prosseguiu com o habitual almoço-convívio no salão de festas da Câmara Municipal.

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A comunidade cabo-verdiana já tem mais de meio século de presença no concelho de Loulé. Os primeiros cabo-verdianos fixaram-se aquando da construção da fábrica de cimento da Cimpor e desde então a comunidade não parou de aumentar, sendo nos primeiros anos na sua maioria trabalhadores do setor da restauração, da hotelaria e da construção civil.