Caminho_santiago_faro_loule (1)
Foto © Samuel Mendonça

Procurando “clarificar a forma de participação” no trabalho de reconhecimento do Caminho Central Português para Santiago de Compostela desde Faro que está a ser feito pela Associação Espaço Jacobeus, a Diocese do Algarve considera “imprescindível” que possa ser realizada “uma reflexão profunda e uma análise histórica aturada”.

Em comunicado enviado ao Folha do Domingo, a Diocese do Algarve e o seu Setor da Pastoral do Turismo, sublinhando terem acolhido “com alegria o trabalho que se está a desenvolver”, realçam que “serão as conclusões saídas dessa mesma análise que darão sustentabilidade e credibilidade à proposta de caminho que for apresentada, caso se entenda o mesmo como um caminho de peregrinação histórico”.

“Esse estudo deverá (…) ser realizado por uma equipa de investigação composta por investigadores conhecedores da história do Algarve, equipa essa que possa sustentar as rotas de peregrinação efetuadas a partir desta região”, acrescenta o documento, sublinhando desconhecer-se “até agora evidência científica e histórica que comprove a existência de peregrinações a Santiago de Compostela a partir do Algarve”, até porque “os algarvios, durante longos séculos, usaram preferencialmente as rotas marítimas para se deslocarem para fora do seu território, dadas as dificuldades apresentadas pela orografia, com serra ao norte”.

A diocese algarvia lembra que “o cumprimento dos critérios de rigor, autenticidade e integridade deste património de grande valor – também religioso – serão os principais para garantir a idoneidade do trabalho a iniciar”. “Essa justificação e enquadramento histórico estão por fazer e deverão ser pontos de partida para a apresentação de um caminho histórico”, considera, acrescentando partilhar dos “princípios que subjazem à avaliação das candidaturas pelo comité da UNESCO, uma vez que também os Caminhos de Santiago integram já, no caso francês e espanhol, essa lista e tiveram uma proposta recente de inclusão dos Caminhos Portugueses, proposta que não terá incluído o Algarve”.

Admitindo igualmente a opção de criação de um caminho para Santiago de Compostela, “sem que o mesmo corresponda a uma rota antiga de peregrinação”, a Diocese do Algarve diz que essa “decisão válida e louvável” “deverá ser clara e inequivocamente expressa” para que, nesse caso, fique claro que não existe a ligação histórica.

A diocese algarvia defende ainda que se envolvam também neste projeto “todas as instituições que trabalham no apoio aos peregrinos no Algarve”, dando como exemplo a Associação dos Amigos do Caminho de Santiago de Tavira. “O trabalho ganhará uma dimensão muito mais universal e participada, que terá forma, consistência e expressão, se todos os interessados nele forem envolvidos”, refere.

Por último, a Diocese do Algarve esclarece que a sua participação se situa, particularmente, no “âmbito pastoral e no apoio espiritual que lhe for solicitado pelos peregrinos, como realização da missão evangelizadora da Igreja, bem como no «reconhecimento» da sua passagem pelas paróquias algarvias”.