O padre Pedro Manuel abriu hoje a Jornada de Pastoral Litúrgica da Diocese do Algarve, lembrando a ideia do Papa Bento XVI de que “a oração para o crente é a escola da esperança”.

Refletindo precisamente sobre o tema do encontro que está a decorrer com cerca de 80 participantes no Centro Pastoral de Pêra -“A oração, Alimento para a Esperança” -, o sacerdote citou o falecido pontífice na sua encíclica Spe Salvi (Salvos na Esperança) ao afirmar que “o primeiro e essencial lugar de aprendizagem da esperança é a oração”. “Quando a desesperança toma conta do nosso coração, a esperança, pela oração, atenua aquilo que em nós é mais cruel”, sustentou, evidenciando que “a oração e a fé são uma experiência pessoal de encontro”.
O orador lembrou também que a “relação íntima entre a oração e a esperança” foi ilustrada por Santo Agostinho. “Ele define a oração como um exercício de desejo. O caminho para a plenitude da esperança é o caminho do coração que deseja. E um coração deseja sempre mel e não vinagre porque o coração deseja sempre o bem maior que é o Senhor”, prosseguiu na citação ao referido documento papal, acrescentando que “o coração deve primeiro ser dilatado e limpo, livre do vinagre e do seu sabor”. “Resulta claro que o homem, neste esforço com que se livra do vinagre e do seu sabor amargo, não se torna livre só para Deus, mas abre-se também para os outros”, desenvolveu.

O padre Pedro Manuel destacou “a oração como um caminho” e “alimento para a esperança”. “A oração que nos aproxima de Deus torna-nos, sobretudo, próximos dos irmãos”, garantiu, interrogando: “Para que é que serve a oração?”. “Para que a minha esperança seja de tal modo encarnada na minha vida que aqueles com quem eu me encontro sejam capazes de, comigo, fazerem caminho para chegar ao céu”, respondeu, lançando nova pergunta: “Por que é que somos peregrinos da esperança?”. “Porque queremos fazer um caminho com esperança no coração. Somos peregrinos da esperança porque a nossa esperança está no céu e a nossa peregrinação é a nossa vida. E a maneira que temos de alimentar a esperança e a peregrinação é a oração”, assegurou.
Acrescentando ser “preciso criar momentos e oportunidades para que a oração aconteça”, o sacerdote apresentou, a propósito, o exemplo do cardeal vietnamita François-Xavier Nguyên Van Thuân que esteve preso vários anos nas cadeias do regime, trazido por Bento XVI na sua encíclica. “O que é que alimentou este homem durante 13 anos de cativeiro, nove dos quais sem falar com ninguém? Foi a sua oração, foi o seu encontro diário com Deus”, constatou, lembrando que através da oração, os cristãos tornam-se “capazes de grande esperança e ministros da esperança para os outros”. “A esperança, em sentido cristão, é sempre também esperança para os outros. E é esperança ativa, precisamente também no sentido de mantermos o mundo aberto a Deus. Somente assim ela permanece também uma esperança verdadeiramente humana”, advertiu, acrescentando: “quando as coisas se tornam mais escuras, é aí que devemos rezar mais porque haverá mais esperança”.

Depois da conferência, decorreu na igreja matriz de Pêra um momento de adoração eucarística. De tarde, os participantes dividem-se por grupos para as formações setoriais. O tema de “A oração na Catequese” será abordado pelo padre Flávio Martins, “A oração na Família” ficará a cargo das Equipas de Nossa Senhora e “A oração com os Jovens” será apresentado pelo padre Samuel Camacho.

A jornada será encerrada com a reflexão do cónego Carlos de Aquino sobre o tema “Atitudes, gestos e movimentos: a aptidão simbólica”.