O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), órgão da Comissão Episcopal da Cultural, Bens Culturais e Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Portuguesa, vai promover amanhã e sexta-feira, 21 e 22 de setembro, em Fátima, as Jornadas Nacionais de Comunicação Social.

O encontro vai decorrer, como tem acontecido nos últimos anos, na Domus Carmeli, em Fátima e este ano terá como tema “Geração 2023, todos ligados: e a Igreja?”. De acordo com o SNCS, as Jornadas Nacionais de Comunicação Social vão ser uma ocasião de dialogar sobre a comunicação dos jovens a partir da experiência da JMJ.

Em entrevista à Agência Ecclesia, em meados de julho, D. Manuel Clemente perspetivava que “a experiência militante” decorrente da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa de agosto passado daria à sociedade portuguesa uma “nova geração”, designada como “geração 2023”, “construída pelas dezenas de milhares de jovens que ganharam uma maneira de estar na vida igualmente comprometida para o bem de todos”. “Esta geração marcará a nossa sociedade”, antecipava na ocasião D. Manuel Clemente.

Questionar impulsos e caminhos que se abriram para a comunicação eclesial com a JMJ

Também o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais afirmou que a realização das Jornadas Nacionais de Comunicação Social vão ser uma ocasião para descobrir os caminhos que se “abriram para a comunicação eclesial” com a JMJ.

“Já com algumas semanas de distância daquele acontecimento, creio que importa olhar para essas novas realidades que surgiram, e questionar que impulsos e caminhos se abriram para a comunicação eclesial”, escreve D. Nuno Brás na carta/convite.

Para o bispo do Funchal, os dias das jornadas de comunicação vão ser uma oportunidade para “conhecer e pensar melhor” o que depende de cada um e de cada organismo para que o impulso da JMJ “se mantenha e ajude a melhorar estruturas, atitudes, modos de presença”.

“Ao reunir, durante uma semana, cerca de milhão e meio de jovens em Lisboa, a JMJ mobilizou, nas suas várias dimensões, a Igreja em Portugal. Fê-lo também ao nível da comunicação, fazendo surgir um conjunto de novas realidades, interrogações e respostas”, refere D. Nuno Brás.

Olhar para o futuro, reforçando o papel dos jovens no campo mediático

Já a diretora do SNCS, Isabel Figueiredo, considerou em declarações à Agência Ecclesia que a experiência “única” da JMJ Lisboa 2023 inspira todos a “olhar para o futuro”, reforçando o papel dos jovens no campo mediático. “Seria muito estranho se, depois da Jornada Mundial da Juventude, tudo continuasse como antes, tanto do ponto de vista pastoral como na comunicação”, refere a responsável.

A diretora do organismo admite que há um “enorme risco” de ver “esvaziar” o entusiasmo da JMJ Lisboa 2023, apelando ao compromisso da comunicação eclesial para evitar que isso aconteça. “Temos a obrigação de estar atentos, a nível nacional e local, para trazer às pessoas a lembrança do que vivemos, não pode desaparecer”, sustenta.

Isabel Figueiredo recorda a “multidão de jovens” que esteve a trabalhar na JMJ, também na área da comunicação, que “passaram o seu olhar, a sua forma de estar”. “Queremos trazer isso para a Jornadas Nacionais e ver como queremos continuar este caminho, daqui para a frente, na Comunicação Social”, aponta, acrescentando: “O país inteiro movimentou-se e é impossível perder essa riqueza”.

A diretora do SNCS defende uma “coexistência de gerações”, sublinhando a necessidade de cativar os mais novos para o trabalho da comunicação. “Queremos estar com os jovens, ouvir os jovens, conversar com eles”, declara.

A responsável admite que as novas gerações estão mais motivadas para trabalhar “a comunicação empresarial, estratégica, de marketing” do que a comunicação da Igreja. “Não podemos permitir que a comunicação da Igreja, na Igreja e sobre a Igreja apenas aconteça quando vivemos escândalos”, adverte, convidando a intervir na sociedade “de uma forma positiva, evangélica, natural”. “Se a Igreja está viva, temos de a comunicar”, acrescenta Isabel Figueiredo.

Fazer da ‘Geração 2023’ uma marca de comunicação

Também o diretor da Agência Ecclesia assumiu o objetivo de fazer da ‘Geração 2023’ “uma marca de comunicação”, para continuar a “dar voz e vez aos jovens”, após a experiência da JMJ, em Lisboa. “Queremos, desde já, fazer que as Jornadas de Comunicação Social sejam um debate sobre esse legado, sobre essa responsabilidade que temos agora, e sobre a forma que a comunicação aconteça pelos jovens e com os jovens, e a partir deles”, explicou Paulo Rocha, em entrevista ao Programa Ecclesia transmitido ontem na RTP2. “Queremos fazer desta marca ‘Geração 2023’ uma marca de comunicação para continuarmos a dar voz e vez aos jovens, sejam aqueles que participaram na Jornada Mundial da Juventude, sejam aqueles que se interpelaram pela Jornada”, acrescentou o jornalista.

O comunicador explica, a partir do tema das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que na formulação está ‘todos ligados’ porque no ambiente digital estão “permanentemente ligados, sempre conectados, sempre em rede”, é nesse ambiente que é preciso estar, e vão “tentar traduzir isso em diferentes projetos, diferentes produtos, a partir destas Jornadas de Comunicação Social”.

“Depois fazendo com que os jovens consigam comunicar através dos meios que nós temos, seja a Agência Ecclesia, estes programas de televisão, e, sobretudo, outros meios onde a comunicação para os nativos digitais é mais natural. Queremos estar em grupos de jovens que participaram nas Jornadas e dar-lhes os microfones, dar-lhes as câmaras e eles próprios comunicarem em direto através das nossas redes para partilharem o que são as suas experiências, para dizerem de que forma participaram nas Jornadas e de transformação aconteceu, de que forma é que estão a dar continuidade a isso”, adiantou.

O jornalista recorda que antes da JMJ Lisboa 2023 as dioceses desenvolveram uma dinâmica mensal à volta de cada dia 23, que “era uma meta, um objetivo”, para preparar a Jornada, e querem que “essa dinâmica continue”, por isso, estão a planear “estar numa diocese, num grupo de jovens”, em cada dia 23, e a partir do direto, do que é possível transmitir nas redes sociais, partilhem “como estão a dar continuidade à Jornada Mundial da Juventude”.

“Há muitas ferramentas de comunicação, podcast, materiais gráficos que se podem fazer, para que esta ‘Geração 2023’ possa não sair do horizonte. O nosso papel há de ser acima de tudo criar as ferramentas mais tecnológicas, do que propriamente outro género, editoriais, mas criar os meios para que a comunicação possa acontecer”, desenvolveu.

O diretor da Agência Ecclesia afirma que o objetivo das Jornadas Nacionais de Comunicação Social é que “a voz seja essencialmente dos jovens”, e destaca dois momentos do programa onde isso vai acontecer, os painéis ‘Jovens em comunicação: experiências e futuro’, na tarde desta quinta-feira (17h-19h), contando com a participação de colaboradores na área da comunicação de três Comités Organizadores Diocesanos da JMJ, do WYD Don Bosco 23, Magis e do projeto 3 Milhões de Nós; e ‘Jovens em comunicação: conteúdos e canais’, na manhã do dia seguinte (09h45-11h), que vai debater as potencialidades das redes sociais, dos evangelizadores digitais, do podcast e das transmissões em direto.

Para além desses momentos de comunicação e debate com os jovens, as jornadas começam com uma conferência do secretário do Dicastério para a Comunicação, do Vaticano, monsenhor Lucio Ruiz, sobre o tema “Geração 2023: Escutar para comunicar” e terminam na manhã do segundo dia com a apresentação do tema “Todos ligados: Jovens em comunicação com e nas instituições”, por Diogo Belford, da agência de comunicação Cunha & Vaz.

com Agência Ecclesia