O Jubileu do Clero, que a Diocese do Algarve promoveu hoje, desafiou bispos e padres a crescerem mais na “fraternidade sacerdotal”.



O apelo foi deixado pelo bispo do Algarve na Eucaristia a que presidiu de manhã em Loulé no santuário no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente invocada como «Mãe Soberana».



Tendo a diocese algarvia o hábito de celebrar anualmente o Dia do Clero, D. Manuel Quintas lembrou tratar-se de um dia “sempre marcado pela fraternidade, proximidade, mais do que por grandes celebrações ou reflexões”. “Esta cultura da fraternidade do colégio sacerdotal, e também dos diáconos, é muito importante: fazermo-nos encontrar uns para os outros. Pode-nos faltar tempo para muitas coisas, mas para isto era bom que não faltasse e que fosse considerado como uma prioridade na nossa vida. A fraternidade sacerdotal faz parte daquilo que é essencial na nossa vida”, alertou, desejando: “que a celebração deste dia nos ajude a crescer mais como corpo fraterno do clero, incluindo, naturalmente, aqueles que nos estão confiados”.



O bispo do Algarve sublinhou ainda a importância da celebração pelo clero de um dia jubilar. “Nós programamos e realizamos tanto para aqueles que nos estão confiados, mas é importante viver uma peregrinação e um dia jubilar na primeira pessoa, sendo nós próprios os protagonistas; um dia centrado em nós mesmos, naquilo que somos, também como servidores do Reino de Deus, como diáconos, padres ou bispos”, referiu.



D. Manuel Quintas lembrou que tornarem-se “peregrinos de esperança” faz de bispos, padres e diáconos “alguém que procura algo mais na sua vida”. “Quem se decide a peregrinar anda à procura de um sentido ainda mais profundo para a sua vida, para as suas motivações, para aquilo que somos e que somos chamados também a realizar com aquilo que somos, através do nosso ministério”, afirmou.



O responsável católico destacou ainda a importância da “procura da essencialidade” e do “dom do discernimento” nas opções “pessoais e pastorais”, no meio de uma “vida repartida com tantas coisas que agitam e nem sempre preenchem”. “Somos chamados por vocação, consagração e missão a não nos pregarmos a nós próprios. Pregamos a Jesus e não pregamos apenas por palavras, mas também pelo testemunho, pela alegria que os outros devem ver refletida no nosso rosto”, recordou na celebração em que lembrou diáconos e padres ausentes, “alguns mais frágeis na saúde” ou “impossibilitados por razões também de ordem pastoral” de ali estar.



D. Manuel Quintas evocou ainda os 48 anos da sua ordenação sacerdotal que hoje celebra, bem como as seis décadas de sacerdócio que o padre Joaquim Beato celebrará a 15 de agosto deste ano e o Jubileu dos Diáconos Permanentes, marcado pelas bodas de prata de ordenação dos primeiros sete, ocorrido no passado dia 23 de fevereiro.



O bispo diocesano congratulou-se ainda com a peregrinação à igreja jubilar daquele santuário, que antecedeu a celebração da Eucaristia. “A peregrinação que fizemos e que nos uniu, caminhando, mesmo sofrendo a intensidade do sol logo pela manhã, foi muito proveitosa no conteúdo: a procura do que é verdadeiramente essencial na nossa vida, para nós e também para os outros”, referiu, lembrando que “a peregrinação é sinal de esperança, iluminada pela Palavra de Deus que une em ordem sempre à conversão do coração, à transformação da vida e a assumir um novo impulso evangelizador”.



Antes da Eucaristia, o clero da diocese concentrou-se no princípio da subida pedonal para o Santuário. Dali peregrinou colina acima recitando o terço, com tempos de meditação e oração.



Depois do almoço em Querença, bispos, sacerdotes e diáconos fizeram uma visita cultural à Fundação Manuel Viegas Guerreiro que tem como fim divulgar a obra do etnólogo, antropólogo, linguista e pedagogo. Para além de D. Manuel Quintas, o Jubileu do Clero foi também participado por D. Manuel António Santos, bispo emérito de São Tomé e Príncipe, a colaborar com a diocese algarvia, e por 39 padres e diáconos.



O Santuário de Nossa Senhora da Piedade é a igreja jubilar estipulada pelo bispo do Algarve para a Região Pastoral do Centro. Para além desta, D. Manuel Quintas definiu ainda a igreja matriz de Portimão para a Região Pastoral do Barlavento e a igreja de Santiago de Tavira para a Região Pastoral do Sotavento, para além da Sé de Faro, a catedral diocesana.



A Igreja Católica está a celebrar o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história, por iniciativa do Papa Francisco, que o dedicou ao tema da esperança, e está a ser continuado com o pontificado de Leão XIV.



