A cadeia de adoração permanente ao Santíssimo Sacramento (lausperene) que a Diocese do Algarve está a realizar, 24 horas por dia, até dia 08 de novembro, para pedir a Deus vocações de consagração – tanto no sacerdócio como na vida religiosa ou nos institutos seculares – teve início ontem à noite na igreja matriz de Albufeira com a Eucaristia presidida pelo reitor do Seminário da diocese algarvia, instituição que há 21 anos promove a iniciativa.

Na celebração, o padre António de Freitas começou precisamente por destacar esse aspeto. “Rezamos particularmente pelas vocações ao sacerdócio, mas sem esquecer também as vocações à vida consagrada e à vida religiosa, já que a nossa diocese, no conjunto do seu presbitério, também usufrui de alguns sacerdotes religiosos, consagrados ao Senhor e que orientam a vida de comunidades paroquiais”, afirmou, lembrando que sem o ministério sacerdotal não há sacramentos da Eucaristia, da Reconciliação e da Santa Unção.

O sacerdote alertou que “o lausperene não pode ser encarado só como um cumprimento do calendário pastoral da diocese”, mas como “tempo de graça”. “Uma manifestação clara da nossa gratidão a Deus pelos bispos, padres e diáconos, religiosos ou consagrados, que nos vai concedendo e que vão guiando o povo de Deus”, concretizou, lembrando a importância da oração como “lugar especial donde brota, onde se alimenta e onde se forma o coração daqueles que são chamados a ser pastores”.

Nesse sentido, acrescentou ser “da força da oração que brotam e se alimentam as vocações, que se santificam e que se emparam os sacerdotes”. “Rezar pelo ministério ordenado é cuidar daqueles que são chamados a consagrar a sua vida, é cuidar dos que já fomos chamados, é cuidar dos que estão a ser chamados”, sustentou.

O reitor do Seminário de São José explicou mesmo o que acontece quando falta a oração na vida do sacerdote. “Sentimo-nos e tornamo-nos funcionários do sagrado e o Senhor não nos chama para sermos funcionários. Chama-nos para sermos pastores”, distinguiu, reforçando a importância da oração no surgimento das vocações. “Se as vocações não nascerem da oração e pela oração, as estratégias pastorais podem ser muito boas, as criatividades eclesiais excelentes, mas os milagres não se dão por aí. Os milagres dão-se pela força da oração e será sempre pela força da oração que o Senhor nos concederá os pastores de que precisamos”, afirmou.

O padre António de Freitas considerou que este “tempo de graça” “deve ser vivido com profunda gratidão, com intenso amor e com uma alegre esperança”. “Profunda gratidão porque Deus nunca nos deixou faltar pastores e vai, continuamente, chamando”, “com intenso amor porque a oração ou é feita com amor ou não vai” e “com alegre esperança (…) porque o cristão vive da esperança. Sabemos que o Senhor não nos falha, que o Senhor não nos abandona e vimos aqui porque sabemos que Ele nos atende sempre”, sustentou na Eucaristia concelebrada também pelo padre Samuel Camacho, prefeito do Seminário de São José de Faro.

Aquele responsável realçou ainda o lausperene como “tempo de súplica”, “de contrição” e “de perdão”. “Tempo de súplica, de pedirmos, insistindo ao Senhor que precisamos dele e precisamos que Ele nos envie trabalhadores; precisamos do seu amor, através do olhar, da voz e das mãos do sacerdote. Suplicar ao Senhor que não queremos funcionários do sagrado, mas pastores que nos amem e que deem, pelo Senhor e por nós, a sua vida”, complementou, acrescentando: “Contrição porque, às vezes, falta-nos a perseverança, a confiança, desanimamos na oração, esquecemo-nos de rezar pelas vocações, pelos sacerdotes. E por isso, o lausperene é também este tempo de pedirmos perdão ao Senhor pelas vezes que não confiámos nele, que não continuamos a pedir, que não continuamos a rezar”.

O padre António de Freitas exortou ainda à “graça da perseverança na oração” pelas vocações sacerdotais e advertiu que ela não deve restringir-se a este quinzena. “O lausperene são os 15 dias que nos recordam que, ao longo do ano, devemos gastar muito tempo a rezar pelos sacerdotes, pelas vocações, pelos seminaristas”, afirmou, desafiando cada um a “orar com confiança”, “humildade”, “insistência” e “como necessitado”.
No final da Eucaristia, dirigindo-se aos paroquianos de Albufeira, o sacerdote lembrou que aquela terra “já há 16 anos que não dá um padre”, tendo sido ele próprio o último. Alertando os adolescentes presentes, disse-lhes: “atenção, quem sabe se o Senhor não vos está a chamar”. E a “quem tem filhos ou netos”, advertiu: “quem sabe se o Senhor não se quer servir das vossas vozes para lhes perguntar se nunca pensaram ir para o Seminário”.


O padre António de Freitas, que também apresentou os seminaristas que este ano letivo frequentam o Seminário de São José, em Faro, deixou ainda uma agradecimento à paróquia. “Sei que aqui, com carinho, dedicação e empenho, se reza habitualmente pelas vocações, se reza ao Senhor pedindo pelos nossos seminaristas e se reza cuidando também espiritualmente pela oração dos nossos sacerdotes e pela sua santificação. Obrigado por todo o empenho e pelo cuidado que tendes connosco, pelo carinho que tendes com o Seminário, quer pelo apoio material, mas sobretudo, porque é mais importante, pelo apoio espiritual, porque é a oração que nos sustenta, nos fortalece e que nos dá ânimo”, afirmou, reconhecendo que aquela preocupação “tem que ver muito com a sensibilidade do padre Flávio com a oração, as vocações e o Seminário”.

O pároco de Albufeira confirmou que a paróquia “desde há muito” “tem uma sensibilidade pelo cuidado material do Seminário e dos seminaristas”. “Mas também de cuidar da parte espiritual, de rezar pelas vocações. E, por isso, sentimo-nos muito felizes de poder receber o início do lausperene da nossa diocese, porque o realizamos muitas vezes ao longo do ano também aqui na nossa comunidade”, acrescentou o padre Flávio Martins.
O lausperene prolonga-se até dia 08 de novembro, decorrendo no âmbito da Semana de Oração pelos Seminários que se realiza a nível nacional de 02 a 09 de novembro de 2025, sob o tema “Precisamos de Ti”.
Assegurada pelas paróquias que constituem as três regiões pastorais, pelas comunidades, congregações, grupos e movimentos católicos da diocese algarvia, a iniciativa, depois de passar pelas várias comunidades paroquiais, segundo um itinerário distribuído pelas regiões pastorais do barlavento, centro e sotavento, terminará no dia 09 de novembro com a celebração da Eucaristia, pelas 21h, presidida pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, na igreja matriz de Lagoa.
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