
O pároco de Loulé diz que é preciso tornar o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como Mãe Soberana, num verdadeiro santuário.
“Neste momento não é santuário nem na proposta espiritual que oferece às pessoas que o visitam. É preciso um programa espiritual, uma equipa de acolhimento e não só”, defende o padre Carlos de Aquino.
Na proposta de “Roteiros da Fé” que apresentou, na passada quinta-feira no Cine-Teatro Louletano, o sacerdote, que é também o responsável do Setor da Pastoral da Cultura, Património e Bens Culturais da Diocese do Algarve, lamentou que aquele santuário ainda não esteja proclamado como santuário diocesano. “Só agora é que parece que estamos a sentir a necessidade disso”, constatou, lembrando que o bispo do Algarve irá “decretar, o quanto antes,” o santuário como diocesano, uma vez que já foi feita a proposta à Santa Sé para que Nossa Senhora da Piedade possa ser proclamada também padroeira da diocese.
Lembrando que aquele santuário é o que tem “expressão maior” na diocese algarvia, o pároco de Loulé considera que “não é o mais belo” mas “ainda pode ser”. “Aqui em Loulé, enquanto eu for pároco, o Santuário da Mãe Soberana vai ser um santuário com todas as caraterísticas que um santuário tem. Como o espero realizar? Com todos. Acho que temos de tornar aquele espaço num espaço maior”, afirmou, frisando que o santuário “vai ser muito valorizado”.
Em entrevista ao Folha do Domingo, o padre Carlos de Aquino explicou que o projeto primeiro do santuário louletano incluía a construção de outras estruturas que valorizariam aquele espaço como lugar de peregrinação mas que não chegaram a ser construídas. Segundo o sacerdote, essas estruturas teriam como objetivo o acolhimento aos peregrinos. Entre elas um centro de espiritualidade que permitisse a realização de retiros espirituais. “Temos também de criar equipas de acolhimento aos peregrinos e um espaço onde estes possam ficar alojados ou tomar alguma refeição ou cuidar de alguma higiene”, refere o prior.
Por outro lado, aquele responsável diz ser preciso requalificar a própria dimensão litúrgica. “O santuário não tem uma dimensão batismal que é importante, uma vez que vai ser este ano igreja jubilar por causa do Ano da Misericórdia. Já há um arquiteto e uma artista plástica que estão, em conjunto, a tentar criar uma valorização maior também do próprio espaço celebrativo, quer em novas capelas penitenciais que são precisas, quer num espaço de memória batismal, e a terminar o enquadramento do santuário.
O padre Carlos de Aquino defende que é também preciso “criar um percurso de peregrinação como há em Fátima que, neste momento, já tem um percurso espiritual para quem o quiser fazer com vários espaços e lugares onde se pode parar, rezar, contemplar”. “O santuário tem evocação desses momentos, desde cá de baixo até lá acima, desde a capela mais antiga em honra de Nossa Senhora da Piedade à parte nova do santuário, mas queremos fazer um percurso espiritual de valorização aos grupos de peregrinos que vierem ou mesmo pessoas que queiram fazer essa caminhada individualmente”, explicou, acrescentando que se trata de “dar uma dimensão mais espiritual ao santuário”.
Para o percurso a pé, os peregrinos adquirirão um subsídio e seguirão a sinalética que assinalará os locais próprios onde se deverá parar. Segundo o padre Carlos de Aquino esta dimensão espiritual deverá ser “prática, de reavaliação da vida”. “E pode-se parar em todos os momentos ou só em alguns”, acrescenta, considerando que o Santuário da Mãe Soberana “exprime muito bem toda aquela dinâmica do roteiro, de uma caminhada, de uma peregrinação”.
Recorde-se que a Festa da “Mãe Soberana”, cuja celebração se perde no tempo, pode vir a ser candidata a Património Cultural Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e está, no presente momento, a merecer a atenção de uma equipa multidisciplinar, no sentido de poder vir a integrar o Inventário Nacional do Património Cultural.