Veio ao Algarve explicar aos acólitos que “o riso é uma coisa muito séria” e que é importante “rezar a rir”, mas também proporcionar aos outros mais motivos para sorrir. Criador em 2011 da associação ‘Maisfeliz’ – que incrementa a risoterapia como ferramenta na área da educação, da saúde, nas organizações institucionais e empresariais – Fernando Batista evidenciou no Dia Diocesano do Acólito, que decorreu no passado fim de semana em Pechão, não só os benefícios mentais, físicos e emocionais de rir, mas também os espirituais.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Quando rimos, desbloqueamos e a seguir rezamos melhor”, garantiu aquele especialista em terapia do riso, que é também professor de Educação Moral e Religiosa Católica e catequista, e que em 2012 criou o projeto ‘Rir com Deus’ que tem percorrido o país.

Com um vasto trabalho na área da saúde e do envelhecimento, a ‘Maisfeliz’ procura que esta sua denominação seja a concretização resultante da interação com cada pessoa com quem se cruza. “Ficamos felizes de poder interagir com as pessoas e elas dizerem-nos isso mesmo. Quando chega a altura do abraço, algumas choram e dizem: «aos anos que ninguém me dá um abraço»”, testemunhou, lembrando ser preciso ter em conta a dimensão afetiva de “fazer com carinho e amor” para além do “toque técnico de trocar a fralda, dar banho, administrar o remédio ou dar a refeição”.

O risoterapeuta acrescentou ainda que vão a casa das pessoas e aos lares e instituições para realizar sonhos. Fernando Batista lembrou o caso de um utente de 90 anos de um lar da Segurança Social que passava “o tempo todo na cama a dormir porque não fazem atividades com ele”. “O sonho dele era ver um jogo entre o FCPorto e o FCArrouca porque ele é de Arouca. Pensei que adormecesse na carrinha ou durante o jogo. Não adormeceu para lá, não adormeceu durante o jogo e não dormiu toda a noite. Parecia uma criança”, contou Fernando Batista, lembrando que a primeira vez que o viu “estava todo entubado e não falava”. “Passados três meses de trabalharmos com ele todas as semanas, tirou os tubos e começou a comer comida sem ser a triturada e fornecida com seringas. Teve ânimo”, testemunhou, acrescentando que “os filhos vêm vê-lo de Lamborghini e Ferrari uma vez por ano”.

Depois da ‘Carrinha dos Sorrisos’ e da ‘Bicicleta dos Sorrisos’, adaptada para transportar pessoas em cadeira de rodas e com mobilidade reduzida, proporcionando-lhes momentos aprazíveis, o terapeuta do riso adiantou que o próximo projeto é a criação da ‘Ambulância dos Sorrisos’ para transporte não urgente de crianças com cancro até ao hospital. “A ideia surgiu porque a viagem até ao hospital é das piores”, explicou, contando o caso de uma criança com doença oncológica terminal que acompanhou e que irá dar nome àquele veículo. Fernando Batista acrescentou que a tripulação incluirá “duas cadelas certificadas” para o efeito e a mascote do projeto, um boneco de 1,70 metros que está a ser confecionado.

O terapeuta do riso explicou ainda que o projeto ‘Mais Feliz’ também ajuda empresas que reconhecem a importância de trabalhar a alegria e a capacidade de rir entre os colaboradores.