O encontro deste mês de preparação dos jovens algarvios para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023 serviu para apresentação dos patronos diocesanos daquele acontecimento com o Papa em Lisboa.

O beato Vicente de Albufeira, São Gonçalo de Lagos e Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como Mãe Soberana, foram os eleitos pela Diocese do Algarve como “irmãos e irmãs de caminhada” para acompanhar os jovens até à JMJ 2023. “Nenhum dos jovens fará este caminho sozinho. Eles serão acompanhados pela Virgem Maria e também pelos santos e beatos, patronos da Jornada. Tais patronos não são «heróis do passado» nem «celebridades» distantes, mas irmãos e irmãs na fé que querem partilhar com todos os jovens a sua própria experiência de terem seguido a Cristo enquanto jovens e pelas diversas aventuras que a vida lhes proporcionou”, explicou-se na celebração.

“Talvez alguns deles sejam conhecidos somente através de quadros e imagens, mas se fizermos a experiência de caminhar junto com eles, na comunhão dos Santos, eles já não nos serão estranhos. Tornar-se-ão como autênticos amigos e familiares em Cristo”, afirmou-se.

Beato Vicente de Albufeira

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Nascido no Castelo de Albufeira, em 1590, e depois de ordenado sacerdote em Lisboa, o beato Vicente de Santo António partiu como missionário para o México, na América Latina, onde se juntou aos frades agostinhos e continuou para os países asiáticos das Filipinas e Japão.

Nesse tempo era proibido praticar a fé cristã no Japão e após nove anos, “disfarçado de vendedor ambulante”, foi preso e depois de “grandes tormentos padeceu, por fim o suplício do fogo”, revela o vice-postulador da Causa de Canonização dos Mártires do Japão e do Brasil.

O missionário algarvio de maior expressão foi martirizado em Nagasaki, Japão, em 1632 e foi beatificado pelo papa Pio IX, a 7 de julho de 1867. Faz parte do “grupo de ‘Carlos Spínola e Companheiros Mártires’ num total de 205 mártires”, explica o padre João Caniço. Deste grupo contam-se mais seis mártires portugueses.

São Gonçalo de Lagos

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

São Gonçalo nasceu em Lagos no ano de 1360. Adotou o sobrenome de Lagos por costume da época entre os frades e entrou no convento dos “agostinhos gracianos”, nome vulgarmente dado, naquele tempo, aos frades da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho que viviam no convento de Nossa Senhora da Graça, em Lisboa.

Depois de ordenado foi pároco na Lourinhã, Lisboa, Santarém e Torres Vedras, onde veio a falecer no dia 15 de outubro de 1422. Desde esta data, Gonçalo foi aclamado como santo, tendo sido venerado pela população. No entanto, sendo beatificado pelo papa Pio VI em 1778, não chegou até hoje a ser canonizado.

Nossa Senhora da Piedade

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Nossa Senhora da Piedade é um título a uma imagem da Virgem Maria inspirado na famosa Pietá, de Michelangelo e em Nossa Senhora das Dores.

As festividades de Nossa Senhora da Piedade pensavam-se serem uma tradição com provável origem em 1553, data oficial da edificação da ermida que lhe é dedicada. No entanto, numa recente palestra proferida, o historiador Marco Sousa Santos disse haver uma prova documental – um relatório de 1518 – em que os visitadores da Ordem de Santiago dizem expressamente que na capela de Santo António da igreja matriz de Loulé estava um pequeno retábulo de portas com a Nossa Senhora da Piedade.

O culto a Nossa Senhora da Piedade motiva aquela que é considerada a maior manifestação de fé a sul de Fátima, sendo simultaneamente a mais significativa expressão de devoção mariana algarvia.