A missão levada a cabo ao longo dos últimos três em Castro Marim por 60 alunos da Faculdade de Arquitetura de Lisboa chegou ao fim no passado dia 16 deste mês com o regresso dos missionários de comboio à capital.
A iniciativa que teve início em 2017 e continuidade em 2018, integrou-se no âmbito do projeto católico ‘Missão País’, criado em 2003 a partir do Movimento Apostólico de Schoenstatt (embora hoje seja independente) que organiza e desenvolve missões universitárias a partir de várias faculdades de Portugal.
São semanas de apostolado e de ação social que decorrem durante três anos consecutivos no período de interrupção de aulas entre o primeiro e o segundo semestres, divididas em três dimensões complementares – externa, interna e pessoal – em que o primeiro ano consiste no “acolhimento”, o segundo na “transformação e o terceiro no “envio”. O lema da ‘Missão País’ deste ano foi “E se conhecesses o dom de Deus?” (Jo 4).
Este ano foram 55 missões a decorrer no país durante este mês, três das quais no Algarve. Para além de Castro Marim, as outras duas decorreram na mesma semana, de 9 a 16 de fevereiro, em Monchique e em Sagres, tendo nestas duas sido iniciado o primeiro ano.
O grupo de Castro Marim, que teve como chefes gerais Renata Machado e Samuel Afonso, foi acompanhado ao longo do triénio pelo padre Hugo Gonçalves (ao centro no grupo da foto), pároco da paróquia do Campo Grande (Lisboa). Esta foi a sua oitava missão como assistente no âmbito daquele projeto a que aderiu em 2012, todas realizadas com aquela academia.
Ao Folha do Domingo, o sacerdote considerou que o balanço destes últimos três anos em Castro Marim “é muito positivo”. “A comunidade acolheu muito bem a missão e fomos notando que ao longo dos três anos havia uma expetativa e uma confiança crescente no que propúnhamos”, conta, acrescentando que também na escola foram sempre bem acolhidos para o testemunho de “valores humanos e cristãos”.
O padre Hugo Gonçalves acrescenta que “para os missionários também foram três anos muito ricos de desafio a vários níveis pessoais e comunitários”. “Pela minha experiência, sobretudo a vida dos missionários transforma-se muito numa consciência diferente das necessidades dos outros e da sua capacidade de fazer a diferença com pequenos gestos”, sustenta, explicando que a maioria dos missionários era já comprometida com a Igreja, mas o grupo também se compôs de alguns que andavam “afastados” e outros que, embora não sendo batizados ou não tendo fé, “se identificam com o projeto”.
Dois terços dos membros do grupo deste ano realizaram a sua primeira missão, alguns deles vindos de outras universidades como a de Évora, o Instituto Superior de Ciências da Administração (ISCAD) em Lisboa, o Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), o Instituto de Arte, Design e Empresa (IADE) de Lisboa. Segundo o sacerdote, todos os anos há alunos oriundos de outras academias “ou por não haver missão na sua faculdade, ou por já não terem vagas”. Este ano foram cerca de 3.200 os jovens a participar, mas as candidaturas foram mais de 5.000.
Ao longo da semana os estudantes voltaram a ficar alojados no Pavilhão Municipal de Castro Marim e dividiram-se pelos grupos (comunidades) de visita à escola, ao lar de terceira idade da Santa Casa da Misericórdia, de contacto porta a porta – levando aos habitantes a Mãe Peregrina, uma imagem de Nossa Senhora de Schoenstatt, um dos símbolos que carateriza a ‘Missão País’ –, do teatro e a designada ‘Just a Change’ que se ocupa de pequenas obras e melhoramentos em casas de famílias carenciadas e que este ano ajudou duas famílias.
Em relação às consequências para os cristãos da paróquia que recebeu a ‘Missão País’, o sacerdote considera que dependerá “muito dos estímulos que terão a partir daqui”. “Muitas pessoas ficaram recetivas, mas se não tiverem continuidade afastam-se novamente”, alertou, o sacerdote que espera continuar a acompanhar a ‘Missão País’.