© Samuel Mendonça
© Samuel Mendonça

Arrancou ontem, com a participação de cerca de 1150 elementos de toda a região algarvia, o XII Acampamento Regional (ACAREG) do Algarve do Corpo Nacional de Escutas (CNE) que decorre até domingo no sítio do Vale das Almas, concelho de Faro (local onde se realiza anualmente a Concentração Internacional de Motos promovida pelo Moto Clube de Faro).

Depois da chegada e da montagem do acampamento com zonas para cada uma das quatro secções (Lobitos, Exploradores, Pioneiros e Caminheiros) que decorreu durante todo o dia de ontem, à noite realizou-se a abertura do XII ACAREG que tem como imaginário (ver apresentação abaixo) um poema de madre Teresa de Calcutá intitulado “Vive a vida” e como tema “Uma viagem, uma missão”.

Já os gritos dos escutas dos diversos agrupamentos e secções escutistas se faziam ouvir ao despique, quando a abertura do acampamento promovido pela Junta Regional do Algarve do CNE teve início com uma apresentação de fotos da vida de Teresa de Calcutá segundo o imaginário proposto.

Seguiu-se um número de malabarismo com fogo e a intervenção do chefe regional do Algarve do CNE. “Nesta viagem que é o XII ACAREG, todos seremos desafiados a viver os valores da vida. Este é o ACAREG em que o nosso coração arrisca, sem medos, no Senhor da vida. É o grande desafio das nossas vidas. É o caminho do amor”, introduziu José Cercas Vicente.

Aquele dirigente referiu-se então ao imaginário do acampamento composto pelas “palavras, a pessoa, a vida e a obra de madre Teresa de Calcutá”. “O imaginário tem uma sequência e uma coerência que adivinha uma ligação entre todas as secções. O desafio deste ACAREG é que o objetivo não seja apenas participar na atividade, mas que, em conjunto, possamos viver a vida com amor, descobrindo a alegria da amizade, da justiça, da tolerância e da paz”, complementou.

Aos escutas, o chefe regional deixou ainda um apelo. “Não tenhais medo de empreender caminhos novos de doação total. Não tenhais medo de viver a vida de mãos cheias, praticando o bem, acolhendo, partilhando e levando a Boa Nova a todos, tal como fez madre Teresa de Calcutá”, pediu, lembrando que tudo no sari da fundadora das Missionárias da Caridade “fala de simplicidade e desprendimento e do uso do mais básico”.

Seguiu-se a intervenção do presidente da Câmara de Faro que agradeceu por terem escolhido o seu concelho para a atividade. Rogério Bacalhau lembrou que toda a vida de madre Teresa de Calcutá “foi uma mensagem de amor, de dedicação aos outros, de entreajuda”. “É isso que espero que todos vós aprendam aqui nesta semana e levem para casa”, afirmou, deixando um apelo aos escuteiros. “Somos todos muito pequeninos, mas juntos podemos fazer grandes coisas. Espalhem o amor que há em vós para que o mundo seja melhor, para que haja paz para que todos possamos viver mais felizes”, pediu.

Após as apresentações das quatro secções do CNE, foi apresentado o hino deste ACAREG, vencedor do Festival da Música Escutista do Algarve, seguindo-se a intervenção do bispo do Algarve. Referindo-se ao tema do acampamento, D. Manuel Quintas evidenciou que “a viagem é a vida e a missão é o serviço”. Lembrando o lema do CNE – “Alerta para Servir” –, o prelado afirmou que este foi também este o lema de madre Teresa de Calcutá e o lema de Jesus. “É o serviço que dá sabor à vida”, concluiu.

A abertura do XII ACAREG terminou com a oração da noite, orientada pelo assistente regional do CNE. “Em tudo aquilo que fizermos ao longo destes dias, dêmo-nos a nós próprios”, pediu o padre António de Freitas, considerando ser esta a “sabedoria” que se pode contemplar em Teresa de Calcutá. “Ela entregava o seu coração a Deus e a cada homem e a cada mulher que encontrava. E a vida é assim que tem valor. Se ficarmos somente por dar coisas é bom, mas não é suficiente se nas coisas que dermos não nos estivermos a oferecer a nós próprios como oferta a Deus e àqueles que precisam. Que este ACAREG possa ser um despertar da vida de cada um de nós”, exortou.

As atividades a realizar até domingo inspiram-se na vida de Teresa de Calcutá e nos hábitos e costumes da Índia, estando os inscritos distribuídos por cinco campos: Goa, Damão, Diu, Bombaim e Nova Deli.

Em campo, os jovens terão de realizar diversas tarefas, preparadas e planeadas por eles próprios. Para além de terem construído o seu alojamento, irão cozinhar, limpar e manter as instalações, participar em inúmeras atividades propostas pelos departamentos regionais pedagógicos, que passam por caminhadas, jogos, ateliês, serviços sociais.

A chefe Maria José Leote, da Junta Regional do Algarve do CNE, explicou ao Folha do Domingo por que razão, pese embora esta seja a maior atividade do movimento promovida na região, não atinge a totalidade da participação do contingente algarvio como acontece com a celebração do Dia de BP. Segundo aquela responsável a causa prende-se com a disponibilidade dos dirigentes. “Os chefes que estão aqui tiraram férias durante uma semana. Muitos vieram na semana passada para a montagem”, explicou, sublinhando que muitos não conseguem libertar-se das responsabilidades profissionais nesta altura do ano.

Atualmente, o movimento escutista conta com mais de 25 milhões de elementos no ativo, dispersos por 216 países do mundo. O CNE foi fundado no dia 27 de Maio de 1923, por ação de D. Manuel Vieira de Matos, arcebispo de Braga, e está atualmente presente em todas as dioceses de Portugal, registando um efetivo de 73.000 associados (59.000 crianças e jovens e 14.000 adultos), sendo que no Algarve são cerca de 2.200 pertencentes a 32 agrupamentos.

Segundo a Junta Regional do CNE, os participantes neste ACAREG são oriundos de 25 agrupamentos do Algarve e de um agrupamento de Santiago do Cacém. Estão ainda a participar cinco escuteiros de Angola que vieram propositadamente de Luanda.

A chefe Maria José Leote explicou ainda que o XII ACAREG conta apenas com o apoio logístico das câmaras municipais algarvias e do Moto Clube de Faro. “Não há nenhum apoio financeiro. Todas as despesas são custeadas pela Junta Regional. Todos os participantes pagaram um determinado valor mas isto vai muito para além disso”, assegurou, lembrando que “muitos equipamentos tiveram de ser alugados e adquiridos”.

O último Acampamento Regional realizou-se em 2007 na Mata Nacional do Barão de São João, em Lagos.

Programa_geral_acareg_2014

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