Delegado da Diocese do Algarve ao encontro partilha as expetativas para a Igreja algarvia
O delegado da Diocese do Algarve ao V Congresso Eucarístico Nacional, de 31 deste mês a 2 de junho, considera que aquela iniciativa deve ajudar, tantos os que nela participam como os que vierem a receber os frutos da participação, ao “colocar a Eucaristia no centro”.
Embora concorde que a sensibilidade eucarística na diocese tem vindo a crescer e que o “amor eucarístico que tem acompanhado” D. Manuel Quintas é – a par do “grande cuidado pelas vocações (tido numa primeira fase do seu episcopado)” – uma das “duas marcas” que o mesmo deixará na diocese, o padre Pedro Manuel entende que há ainda “muito caminho” a fazer com as crianças e adolescentes da catequese e com os grupos de jovens.
“Há já um sentido de culto eucarístico, mas falta-nos ainda – e sobretudo nas novas gerações – uma verdadeira devoção eucarística, o amor ao sacrário”, constata, considerando que a solução passa pela formação das comunidades. “Reconheço que muitas comunidades ainda não descobriram o sacrário, mas acho que se está a fazer caminho através dos Cursos de Cristandade, dos Convívios Fraternos, da Pastoral Juvenil”, refere, considerando que “a Pastoral Juvenil tem feito um caminho muito interessante”. “Tem havido uma sensibilidade da parte do Setor da Pastoral Juvenil, mas não sei se vemos os jovens habitualmente ajoelhados diante do sacrário. Não sei se o sacrário tem nas paróquias a centralidade que devia ter nos jovens e adultos, nem sei se a nossa evangelização tende para isso. Provavelmente nalgumas comunidades terá”, complementa.
O sacerdote reconhece que a questão “tem a ver com a catequese”, mas diz ter a ver também com um “testemunho comunitário” que entende que “não aparece”, não obstante as comunidades religiosas na diocese que “oferecem horas do seu dia em silêncio diante do Senhor como fonte essencial do seu carisma”. “Acho que as catequeses têm procurado fazer alguma coisa nos retiros e preparações para a primeira Comunhão, também com os pais em momentos de oração, mas acho que fica tudo muito ali e não há depois a transposição disso para a vida”, lamenta.
Aquele delegado diocesano considera que para a crescente sensibilidade eucarística na diocese concorreram os grupos do Apostolado da Oração e a adesão dos grupos de oração eucarística à intenção pelas vocações, com momentos semanais ou mensais de adoração. “Essa foi a raiz e a grande alavanca foi o lausperene diocesano que nasceu no momento certo, com a intuição certa e tem sido mantido, de maneira heroica, pelo povo de Deus”, afirma o padre Pedro Manuel sobre a cadeia ininterrupta de oração realizada anualmente diante do Santíssimo Sacramento durante 15 dias e 15 noites.
“Muitos de nós, que hoje somos padres, carregámos o pálio na primeira noite em que houve lausperene na diocese. Se calhar, seria interessante voltar a refazer aquele pálio e perceber em que medida é que realmente acreditamos ou não nisto”, sugere o sacerdote como iniciativa que assinale este ano os 20 corridos sobre aquele primeiro lausperene.
O sacerdote diz que o desejável, após o congresso de Braga, seria que a Igreja algarvia fosse capaz de colocar o seu “caminho espiritual, comunitário, paroquial e diocesano, de tal maneira em perspetiva eucarística”, que percebesse que “tudo depende, nasce e converge” para Jesus. “Se assim for, estou convencido de que vamos ter muitos mais frutos em vários âmbitos da nossa vida pastoral”, refere, acrescentando que gostaria, “a nível pessoal e diocesano ou pastoral, de pensar e construir alguma coisa nova”.

“Um dos meus sonhos, sobretudo desde o último Congresso Eucarístico em Budapeste, era conseguir que na diocese houvesse sensibilidade e condições para se criar uma capela de adoração perpétua como existe noutros sítios, cidades e dioceses, onde o Santíssimo está exposto 24 horas por dia, sete dias por semana, 12 meses por ano, durante 365 dias”, concretiza aquele responsável, garantindo que onde aquela iniciativa foi iniciada, “a Igreja rejuvenesceu do ponto de vista vocacional e ministerial”. “Se conseguirmos transformar esse espaço no coração de uma cidade – correndo o risco de não ser fácil de início – poderemos vir a ter uma surpresa”, completou.
O padre Pedro Manuel adianta ainda que tenciona, entre o início do congresso de Braga e o do Congresso Eucarístico Internacional, em Quito (Equador), de 08 a 15 de setembro deste ano, lançar um podcast “de dois ou três minutos com uma periodicidade semanal e temas eucarísticos para fazer a ponte” entre os dois encontros.
O congresso de Braga deverá contar com cerca de 20 participantes algarvios. “Seria um número bastante aceitável”, considera o padre Pedro Manuel, atendendo a que incluirá um dia útil e, portanto, de trabalho para a maioria das pessoas.
O sacerdote evidencia que esse aspeto vem complicar a participação de destinatários ainda em idade ativa e com responsabilidades eclesiais, não obstante a divulgação que tem sido feita. “Todas as paróquias receberam cartazes. A nossa Sé recebeu um roll-up e também o expôs desde o primeiro dia. Foram distribuídos milhares de pagelas em papel, as inscrições foram divulgadas e, por via digital, os meus colegas receberam imensa informação. Houve paróquias que mandaram vir os cadernos preparatórios para auxiliar nas catequeses e nas pregações”, sustenta, explicando que a distribuição dos materiais decorreu em janeiro, a abertura das inscrições em fevereiro, a divulgação no jornal Folha do Domingo em março, em abril uma nova campanha de inscrições e em maio um “reforço” que tem vindo a ser feito.
“Há um trabalho de fundo que foi muito bem conseguido pelo Secretariado Nacional de Liturgia. Acho que fizeram um trabalho extraordinário na promoção, na programação e na sensibilização às dioceses”, acrescenta sobre o Congresso Eucarístico que decorrerá no Altice Fórum, com o tema «Partilhar o Pão, alimentar a Esperança. ‘Reconheceram-n’O ao partir o Pão’», e terá encerramento no Santuário do Sameiro, com peregrinação desde a Sé de Braga.
Sobre a participação algarvia no Congresso Eucarístico Internacional, o sacerdote adianta que será de, pelo menos, três sacerdotes. Para além dele, participarão também o cónego Carlos de Aquino e o padre Jorge Carvalho. O padre Pedro Manuel, que esteve nos congressos de Dublin (Irlanda), em 2012, e Budapeste (Hungria), em 2021, testemunha que aqueles encontros são uma “experiência extraordinária” de Igreja universal com toda a sua “diferença” e “carismas”. “É uma “experiência de Jornada Mundial da Juventude” em ponto pequeno, é uma coisa linda! É tudo muito celebrativo com momentos de adoração, muitas igrejas abertas, muitos carismas eucarísticos e uma grande sensibilidade da Eucaristia para o mundo”, mostrando “como é que a Igreja fala à evangelização, à catequese, à liturgia e aos pobres”.
Diocese do Algarve prepara participação no V Congresso Eucarístico Nacional em Braga