A Diocese do Algarve viveu, no passado domingo (22 de janeiro), um dia particularmente significativo, não só por se celebrar a solenidade do seu padroeiro – São Vicente, diácono e mártir –, mas pelo “dom” das ordenações diaconais de Albino Martins, na sua condição de diácono permanente, e de Miguel Ângelo e Vasco Figueirinha, em ordem ao sacerdócio, como o considerou D. Manuel Quintas na celebração a que presidiu na sé de Faro.
“Em dia celebrativo do nosso padroeiro, a nossa Igreja diocesana fica mais rica pelo dom destes novos diáconos”, reconheceu o bispo do Algarve na homilia após o início do rito da ordenação com a apresentação dos candidatos, lembrando que “o diaconado exerce uma missão eclesial de grande alcance no campo profético, litúrgico e da concretização da caridade da Igreja”. “O diaconado permitirá aos bispos e presbíteros realizarem melhor o ministério específico da presidência e do acolhimento e possibilitará à Igreja ser sinal e testemunho da diaconia de Cristo, servo”, sustentou o prelado, considerando que a ordenação diaconal convida a “considerar a vocação e missão do diácono à luz de Cristo, servo, expressão da diaconia da Igreja”.
D. Manuel Quintas explicou que “o diácono tem em Cristo, servo, o seu modelo por excelência, daí derivando uma espiritualidade específica que se apresenta essencialmente como espiritualidade de serviço”. Recorde-se que a missão do diácono consiste, antes de mais nada, em ficar consagrado pelo sacramento da Ordem para o serviço do altar, para o serviço da caridade e para o serviço da palavra.
“O diácono participa, de modo especial, na missão e graça de Cristo. O ministério diaconal é exercido pela administração dos sacramentos de que é incumbido, o serviço aos mais necessitados, a animação das comunidades ou dos diversos setores da vida eclesial e o anúncio credível da palavra de Deus, acreditando naquilo que proclama, ensinando aquilo que acredita e vivendo aquilo que ensina”, complementou o bispo do Algarve.
O bispo do Algarve desejou ainda que aquele acontecimento possa “transformar-se em semente de novas vocações ao diaconado permanente e ao sacerdócio” e ajude os cristãos algarvios a “viver e testemunhar a diaconia da Igreja”, com “novo impulso ao anúncio e ao testemunho do evangelho, com a fé, vigor e entusiasmo dos mártires”, sem se acomodarem a “formas de pensar e viver que não têm futuro porque não assentam na sólida certeza da palavra de Deus”, nem no “testemunho e herança” legados pelos mártires como São Vicente.
Após a homilia teve então continuidade o rito da ordenação, constituído por alguns gestos significativos, mas que teve como momento mais importante o das ordenações propriamente ditas com a imposição das mãos do bispo diocesano sobre os candidatos ao diaconado. Um dos gestos significativos foi a colocação das mãos dos ordinandos nas mãos do bispo, um gesto de comunhão e de unidade, prometendo-lhe obediência e reverência enquanto sucessor dos apóstolos, sinal e garante da unidade da Igreja e desta com a Igreja de Roma.
Os outros momentos de destaque aconteceram já depois das ordenações com os recém-ordenados a serem revestidos com as vestes diaconais, com as estolas à maneira diaconal e as dalmáticas, recordando que, antes de mais, se devem continuar a revestir de Cristo. Este foi um momento particular de emoção para os novos diáconos.
De seguida, foi-lhes entregue o livro dos evangelhos que agora, de modo particular, têm a missão de anunciar, mas sobretudo de amar e viver. Igualmente significativo foi o abraço aos restantes diáconos presentes das dioceses do Algarve, Beja e Évora e o serviço ao altar que prestaram durante a liturgia eucarística.
A celebração foi concelebrada, para além de muitos padres das dioceses do Algarve, Beja e Évora, pelo bispo emérito do Algarve, D. Manuel Madureira Dias.
Albino Martins, natural de Vila Real de Santo António, foi mandatado há 21 anos pelo bispo do Algarve para trabalhar, juntamente com a sua mulher e duas filhas, na paróquia de Cachopo e, desde setembro último, também nas paróquias de Martim Longo e Vaqueiros. Já os seminaristas Miguel Ângelo Pereira e Vasco Figueirinha, respetivamente naturais de Tavira e Ferreiras (Albufeira), frequentam o Ano Pastoral (6º ano). Os dois realizam também o mestrado de Teologia, o Miguel Ângelo em História da Igreja e o Valter Figueirinha em Sagrada Escritura, e colaboram, respetivamente, com as paróquias São Pedro de Faro e de Tavira.
Com estas ordenações, o clero algarvio passou a contar com sete diáconos permanentes, todos casados, e dois em caminhada para o sacerdócio.
Samuel Mendonça