Foto © Samuel Mendonça
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O pastor da Igreja Luterana alemã presente no Algarve lamenta que ainda não tenha sido alcançada uma “real política social europeia comum”.

Hans Uwe Hüllweg, que falava na última sexta-feira à noite em Faro na iniciativa europeia “Juntos pela Europa” – este ano assinalada sobre o tema “O papel dos cristãos na Europa de hoje”, e que, no Algarve, foi promovida por vários movimentos cristãos, na sede da delegação regional de Faro do Instituto Português do Desporto e Juventude – lembra que “os sistemas de proteção social dos diferentes países são muito diferentes” e diz ser “necessário um considerável esforço para que a Europa se desenvolva não só em termos económicos e financeiros, mas especialmente em termos sociais”.

Aquele pastor protestante, que efetua mandatos periódicos com a duração de vários meses de trabalho pastoral no Algarve e que durante a restante parte do ano vive em Münster, na Westefalia, Alemanha, considera que os problemas sociais existentes na Europa “apontam para a tarefa, até aqui sem solução, de criar uma comunidade de solidariedade real”, alertando que “os conflitos sociais ameaçam a união e o progresso que já foram alcançados”. “A Grécia, acima de tudo, serve neste momento para ilustrar o efeito pervertido que o foco único nas circunstâncias económicas tem numa sociedade”, lamentou.

Foto © Samuel Mendonça
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Mas o conferencista alerta que é “necessário que se olhe para além da Europa da União Europeia (UE) com enfoque na Europa alargada”. “Não podemos, portanto, ficar indiferentes à situação nos limites da Europa, tal como no Médio Oriente ou na África, ou, no contexto de um mundo globalizado, em países mais distantes. O amor ao próximo, ou se preferirem, a solidariedade, não pode terminar nas fronteiras da Europa”, adverte, lembrando que “a Europa e a UE têm uma responsabilidade conjunta no crescimento do resto do mundo” e que “não podem assumir-se como uma «sociedade fechada»”.

Hüllweg considerou, na sua conferência proferida em inglês, que “a cultura europeia deve ser caracterizada pelo espírito do Cristianismo” e defendeu que “a Europa é, e deve permanecer, um continente no qual membros de igrejas cristãs, membros de outras religiões e pessoas sem convicções religiosas, podem viver lado a lado para um enriquecimento recíproco”, considerando que “a afirmação do pluralismo tem a sua contrapartida na afirmação da secularização” e que, “ao nível da cultura, a secularização não se opõe ao Cristianismo” porque “muitas das conquistas do estado moderno ao abrigo da lei são tesouros secularizados da Igreja”.

No dia em que se assinalou 70 anos sobre o fim da II Guerra Mundial, o preletor, que sublinhou a sua nacionalidade alemã e lembrou os “milhões de mortos entre os europeus e vários povos transatlânticos” causados pelos nazis, destacou que “a Alemanha livrou-se de um regime criminoso, que lhe infligiu grande culpa com a eliminação dos judeus”. “Nunca mais podemos permitir que isto aconteça e assim, por amor a Deus e à humanidade, temos de assegurar-nos que lutaremos pela dignidade de todos os homens e usaremos toda a nossa capacidade para resolver sempre, e em todo o lado, os conflitos de uma forma não violenta”, afirmou, considerando que esta também é uma tarefa para os cristãos na Europa.