Os adultos, que vieram agora confirmar a sua intenção de querem ser cristãos, irão celebrar os três sacramentos na Vigília Pascal das respetivas paróquias e, para isso foram aceites pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, depois de propostos pelas paróquias de Ferreiras, Loulé, Matriz de Portimão, Olhão, Pera, Quarteira, Quelfes, São Pedro de Faro, São Sebastião de Lagos, Sé de Faro e Tavira e pelo vicariato (quase paróquia) da Pedra Mourinha (Portimão).

Estes adultos, a sua maioria com idades entre os 20 e os 30 anos, iniciaram uma nova fase do seu catecumenado (preparação para a receção dos sacramentos da iniciação cristã) – a purificação e iluminação, – deixando de ser catecúmenos (designação dos candidatos aos sacramentos da iniciação cristã) para passar a ser eleitos, ou seja, escolhidos.

A Igreja tem um percurso próprio para a iniciação cristã dos adultos que começa com um período de pré-catecumenado, com a manifestação do primeiro desejo de ser Batizado Segue-se o tempo de catecumenado, ligado de maneira particular à catequese, ao conhecimento da pessoa de Jesus, da Igreja e das verdades da fé cristã. Este tempo termina com o Rito de Eleição dos catecúmenos e a partir desse dia, a preocupação com os adultos já não é de ordem doutrinal, mas de ordem espiritual. São então convidados a uma caminhada mais intensa de ordem interior. Seguidamente à receção dos sacramentos da iniciação cristã, os neófitos (novos filhos) iniciam um período de Mistagogia em que são inseridos na vida da Igreja.

Dirigindo-se a cada catecúmeno que com ele se reuniu numa sala anexa ao Seminário de São José, em Faro, D. Manuel Quintas começou por destacar a intenção daqueles como um “sinal de vitalidade” da Igreja algarvia que “acolhe não apenas as crianças para o batismo mas também os adultos” que sentem um “apelo para a Igreja e para a salvação que Deus proporciona em Jesus Cristo”.

O prelado desejou que o seu catecumenado “seja um tempo que dê para a pessoa conhecer bem o que significa ser batizado, cristão e membro de uma Igreja que queremos viva e fiel a Cristo, em cada um dos seus membros”. “Receber os sacramentos sem ter plena consciência do que se recebe, adianta pouco”, afirmou, referindo a importância da exigência na admissão aos sacramentos. “Esta é uma exigência com amor porque só essa é que nos leva à verdade e autenticidade daquilo que celebramos. Não é uma exigência para desanimar e desmotivar mas para dar o sentido verdadeiro e adequado a este dom que é de Deus e não do bispo ou do padre”, acrescentou.

D. Manuel Quintas referiu-se então à alegria da Igreja receber novos membros. “Se é uma alegria muito grande, para a nossa Igreja diocesana, para as vossas paróquias, para os vossos párocos e para mim, acolher-vos, é alegria ainda maior quando sei que o passo que dais é consciente e assumido, uma decisão tomada com toda a liberdade e com desejo de receber estes sacramentos”, afirmou o bispo do Algarve.

Ao longo do encontro com os candidatos à iniciação cristã falou sobre o sentido da Páscoa, incluindo a simbologia do período de preparação que a precede – a Quaresma – e da caminhada de iniciação cristã (catecumenado), recuperada após o Concílio Vaticano II, que explicou ter origem nos primeiros séculos do Cristianismo. D. Manuel Quintas incentivou os catecúmenos a “progredir no bem, não só na Quaresma” e elucidou sobre o significado do jejum, da esmola e da partilha neste tempo litúrgico.

Mais tarde, na sé de Faro, acompanhados pelos seus padrinhos – garantes nesta sua caminhada de fé –, os candidatos, depois de apresentados, aproximaram-se do bispo diocesano. Após terem sido interrogados, padrinhos e candidatos, os segundos inscreveram em livro próprio o seu nome, gesto que confirma a sua vontade em receber os sacramentos da iniciação cristã.

Os eleitos irão agora, durante os próximos domingos da Quaresma, celebrar nas suas paróquias os escrutínios e a tradição das entregas do Credo e do Pai-Nosso e na Vigília Pascal, a mais importante celebração para os cristãos, completarão a sua iniciação sacramental.

A Quaresma é um período de 40 dias – excetuando os domingos -, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.

Samuel Mendonça