Docentes reuniram-se para avaliar ano letivo e começar a preparar o próximo
Os professores que lecionam no Algarve a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) sugerem que se realize um fórum nacional daqueles docentes para refletir sobre os grandes desafios que neste momento se colocam à disciplina.
A ideia foi avançada no encontro do passado sábado, 13 de julho, que decorreu em Faro, no Seminário de São José com a participação de 14 educadores, e que teve como objetivo avaliar o presente ano letivo e começar a preparar o próximo.
Segundo os educadores, o fórum de reflexão nacional serviria, sobretudo, para definir estratégias para combater no país a diminuição do número daqueles professores, para dar mais “visibilidade à disciplina” e para refletir sobre a “contribuição dos professores de EMRC para a renovação da escola”.

Aqueles docentes alertaram ainda para um dos maiores problemas ao nível da disciplina na região que é a falta de professores para a lecionarem e defenderam que se deveria baixar o nível de habilitação obrigatória exigida. “Qualquer outro grupo disciplinar exige menos habilitação do que o de EMRC”, garantiram, dando como exemplo o dos colegas de Educação Moral Religiosa Evangélica que “podem lecionar com o 12º ano” de escolaridade.
Considerando que a habilitação obrigatória exigida é um dos principais fatores que concorre para a falta de docentes da disciplina na região, alguns manifestaram mesmo receio de fazer campanha pela disciplina porque “os alunos ficam sem professor o ano inteiro e os pais com as expetativas defraudadas”. “Escolas onde há alunos inscritos e onde não há professores significa que no ano seguinte ninguém se inscreve”, alertaram, garantindo que esta situação tem contribuído grandemente para a diminuição nos últimos anos do número de alunos.

No encontro de sábado adiantou-se que a percentagem de alunos das escolas algarvias inscritos em EMRC passou de 22,1% em 2019/2020, para 8,8% em 2019/2020, para 6,9% em 2022/2023 e para 6,6% em 2023/2024. Foi ainda acrescentado que a tendência decrescente se verifica em todas as dioceses.
Os professores também denunciaram haver alunos que fazem a opção pessoal pela disciplina, mas são depois pressionados psicologicamente pelos pais pelo facto de juntarem à carga horária mais uma hora.
No ano letivo que agora terminou houve professores de EMRC no Algarve a acumular aulas em setes escolas diferentes, a receberem também turmas de Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF) e de Apoio Tutorial Específico. O primeiro é uma medida socioeducativa, de caráter temporário e excecional (a adotar depois de esgotadas todas as outras de integração escolar) que visa favorecer o cumprimento da escolaridade obrigatória e a inclusão social, conferindo uma habilitação escolar de 2.º ou 3.º ciclo e o segundo é um recurso adicional que visa a diminuição das retenções e do abandono escolar precoce e, consequentemente, a promoção do sucesso educativo.
Para além disso, houve também quem lecionasse Matemática, Artes e Ofícios, Cidadania, entre outras aulas para complementação horária.

O assistente do Secretariado da Pastoral Escolar da Diocese do Algarve, padre Pedro Manuel, que presidiu ao encontro, agradeceu a missão daqueles docentes, lembrou que “este foi um ano de muito trabalho”, que considerou “evangélico”, e exortou-os a continuar a “dar a cara” e a fazer campanha pela disciplina de EMRC.
Na reunião foi ainda abordada a colocação de professores para o próximo ano letivo, bem como os procedimentos concursais a adotar.
Os docentes fizeram ainda uma breve partilha das atividades realizadas por cada um no seu agrupamento, na qual destacaram que “as visitas de estudo são um fator de enriquecimento para os alunos”, agendaram ainda a reunião de início do próximo ano letivo, os encontros diocesanos da disciplina, tendo discutido também o seu modelo, e o retiro diocesano para professores católicos.
Foram ainda dadas a conhecer as próximas edições da Semana Nacional da disciplina, da Semana Nacional da Educação Cristã, do Encontro Nacional do 1º Ciclo em Fátima e do Encontro Nacional do Secundário em local a designar e dada a conhecer a formação de capacitação para a utilização dos recursos digitais dos novos manuais.

Foram também abordados os novos desenvolvimentos do projeto ‘Cáritas na Escola’ e o trabalho de desenvolvimento em colaboração com o Grupo VITA, para o qual “foi pedido que se constituísse uma equipa de consultoria para ajudar as psicólogas na elaboração de subsídios, jogos e outras dinâmicas para serem utilizados em aulas e em catequeses”.
Nos momentos de oração foi ainda feita memória dos professores de EMRC que já faleceram e, de modo particular, o da professora Ana Paula Barata, falecida em dezembro vítima de doença prolongada.