O 24º Encontro dos Povos Migrantes – promovido no passado domingo, 29 de setembro, por representantes das comunidades de imigrantes dos concelhos de Faro e Loulé em parceria com a Câmara de Loulé – teve início com a celebração da Eucaristia presidida pelo bispo do Algarve, em Loulé, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como «Mãe Soberana».

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O encontro, que ocorre anualmente em torno do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado – uma data instituída e celebrada pela Igreja Católica – teve como objetivo promover a integração e celebração das diversas culturas presentes na região.

Para além dos participantes de Portugal, a Eucaristia, a cargo do Secretariado da Mobilidade Humana da Diocese do Algarve, contou com a participação de imigrantes da África do Sul, Alemanha, Angola, Argentina, Bélgica, Brasil, Cabo Verde, Canadá, China, Cuba, Escócia, Estados Unidos da América, França, Guiné-Bissau, Inglaterra, Itália, Moçambique, Nigéria, Roménia, São Tomé e Príncipe, Suíça, Timor-Leste, Ucrânia e Venezuela.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na celebração, o bispo do Algarve começou por se referir à “enriquecedora diversidade e pluralidade de línguas, culturas e tantas tradições”. D. Manuel Quintas destacou a “riqueza” da diferença entre todos pelas suas proveniências diversas e por constituírem “povos e nações diferentes” com culturas e línguas distintas que disse serem “meios” e “caminhos de união, comunhão e enriquecimento mútuo”. “É isso que celebramos também nesta festa dos povos”, declarou, acrescentando: “sempre que nos reunimos em Eucaristia devemos crescer em unidade, comunhão e fraternidade”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O responsável católico lembrou que os imigrantes, quando chegam a um país diferente, com uma cultura e uma língua diferente”, “a única coisa que pretendem é serem acolhidos com todo o respeito e toda a dignidade”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Lamentando as “injustiças que são cometidas contra os imigrantes”, realçou a importância de “que o trabalho não os escravize, mas os dignifique” e exortou à necessidade de “promover, integrar e dignificar o outro”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Lembrando que 40% dos trabalhadores agrícolas portugueses são estrangeiros e destes 60% proveem de comunidades asiáticas, o bispo do Algarve lamentou que esses trabalhadores ganhem “menos 40%” do que os portugueses. “Para trabalho igual, salário igual”, reivindicou, questionando: “O seria do nosso país e do nosso Algarve na agricultura sem este contributo? E sem o contributo, por exemplo, da comunidade brasileira na restauração e na hotelaria?”. “Alguns dizem que a economia portuguesa não se aguentaria, seria uma devastação”, respondeu.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Temos de agradecer porque não conseguimos viver sem vós, não conseguimos organizar-nos em diferentes serviços. Por isso, temos a obrigação de vos apoiar, defender e não encerrar, sem mais, fronteiras ou fazer manifestações”, frisou.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo do Algarve desafiou ainda os participantes a “uma força renovada” para serem “construtores da paz”. “No nosso coração, na nossa família, à nossa volta, nos nossos lugares de trabalho e de convívio social temos de ser todos mensageiros e construtores da paz”, afirmou, lamentando as guerras em curso no mundo.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Lembrando que se assinalava naquela data o 110º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, D. Manuel Quintas disse que a instituição da efeméride pelo Papa Bento XV depois da Segunda Guerra Mundial e a sua celebração anual “revela a preocupação da Igreja” com a realidade dos migrantes.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Por fim, o bispo do Algarve agradeceu aos que contribuíram para a realização daquela festa que teve continuidade com o almoço com diversos sabores gastronómicos partilhados pelos participantes e o convívio no salão de festas da Câmara Municipal de Loulé.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A Eucaristia foi concelebrada pelos padres Oleg Trushko, ucraniano, e Paulinus Anyabuoke, nigeriano, e foi participada pelo embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Artur Silva, por representações dos consulados de Angola, Brasil e Guiné-Bissau e de várias associações e pelos presidentes da Câmara de Loulé e das Juntas de Freguesias de Boliqueime e Loulé.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo