O Centro de Bem-Estar Social Nossa Senhora de Fátima de Olhão, em colaboração com a Câmara Municipal e a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Olhão, promoveu ontem, 03 de outubro, no Auditório Municipal, um seminário sobre o tema “O acolhimento residencial aos olhos dos diferentes agentes”.

O evento reuniu profissionais da área social, representantes da Segurança Social, do município e da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), para refletirem sobre os desafios e as boas práticas no acolhimento de jovens em situação de vulnerabilidade.

O presidente da direção do Centro de Bem-Estar Social Nossa Senhora de Fátima abriu o seminário começando por afirmar que o acolhimento residencial juvenil continua a ser uma medida “ainda necessária e essencial” para apoiar adolescentes em situação de vulnerabilidade. “Estes espaços de acolhimento devem ser muito mais do que um abrigo. Exige-se que sejam espaços cujo ambiente promova a sua autonomia, o respeito e construção de vínculos saudáveis”, sublinhou o cónego Carlos de Aquino. O responsável destacou também que é necessário que os jovens, através da convivência em grupo e do acompanhamento de profissionais capacitados, possam “dar novo e profundo significado às suas vidas, experiências, além de desenvolverem habilidades sociais e emocionais”.

O sacerdote reafirmou o compromisso da instituição que representa em seguir valores cristãos e afirmou que o acolhimento deve ser sempre “uma porta de entrada para um futuro, que seja esperançoso, promissor e não um fim em si mesmo”. Aquele responsável também abordou a importância de políticas públicas que garantam “qualidade de vida humana e também estabilidade financeira e económica”, para proporcionar investimento adequado ao bem-estar dos jovens. “O acolhimento deve visar sempre o bem-estar e a proteção da criança ou do jovem, e deve garantir que os jovens tenham acesso a educação, saúde, emprego, e a poderem realizar com dignidade a vida”, destacou.

Em relação aos profissionais que trabalham nas instituições de acolhimento, o cónego Carlos frisou que “não se pode fragilizar a qualidade do acolhimento e atendimento”. O sacerdote apelou à necessidade de garantir que os profissionais ofereçam um atendimento de qualidade humanizado, que envolva “formação adequada, sustentado suporte emocional e condições justas e dignas de trabalho”. O responsável também mencionou as dificuldades em articular o acolhimento com outras políticas públicas, como saúde, educação e assistência social. “É necessário investir-se, cada vez mais e de modo mais efetivo, neste caminho”, acrescentou.

Elsa Parreira, vereadora do Município de Olhão, constatou existirem “imensas situações preocupantes”, mas realçou as “muitas alegrias pelas conquistas que conseguem alcançar graças a uma rede enorme de parceiros que trabalham todos os dias para que estes jovens e crianças regressem aos seus lares”. A autarca lembrou que existem “abordagens diferentes, mas a mesma missão: educar”.
A diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social abordou a importância de equilibrar a promoção dos direitos da criança com a proteção da sua vulnerabilidade. “Urge enquadrar simultaneamente a promoção dos direitos da criança e a proteção da sua vulnerabilidade”, afirmou Margarida Flores. Aquela responsável destacou ainda a relevância das relações estabelecidas no acolhimento residencial, considerando-as “fator de grande relevância para a adaptação psicossocial da criança e dos jovens”.

Margarida Flores elogiou também o esforço das casas de acolhimento em procurar pessoas com “um perfil adequado para a missão” de criar laços afetivos com as crianças e garantiu que o conceito de casa de acolhimento está a mudar. “O valor pecuniário que o Estado paga também está a ser revisto e não só o valor a ser pago, mas também o número de crianças acolhidas e o conceito de casa para acolher estas crianças”, sublinhou.
Aquela responsável lembrou que viver numa casa de acolhimento “consiste numa mudança marcante na vida de uma criança ou jovem, com possíveis repercussões ao nível do seu desenvolvimento integral”. Margarida Flores referiu ainda a história do futebolista e antigo internacional português Éder, herói na conquista do Euro 2016, como exemplo de superação e sucesso, para sublinhar a importância de dar aos jovens as condições para um futuro melhor. “Desejo um futuro mais sustentável com articulação das casas de acolhimento com todos os parceiros que possibilitam a construção de pontes necessárias a que ele seja alcançado”, concluiu.

A presidente da CPCJ de Olhão reafirmou que o acolhimento residencial é “uma medida protetiva que se torna tão essencial como todas as outras respostas falham”. Sara Patrocínio destacou que o acolhimento deve ser aplicado apenas “quando todas as alternativas foram tentadas, em especial no seio da família”, com o objetivo de garantir sempre o “bem-estar e a proteção da criança ou do jovem em causa”. Aquela responsável também sublinhou a boa articulação existente entre a CPCJ e as casas de acolhimento no concelho, que facilita a implementação do acolhimento residencial em instituição.
O seminário, que reuniu diferentes perspetivas sobre o acolhimento residencial, concluiu com um apelo à continuidade da colaboração entre instituições e à importância de um trabalho integrado e multidisciplinar, que assegure o bem-estar e o futuro dos jovens acolhidos.
Este evento sublinhou a complexidade e a relevância do acolhimento residencial como uma medida de proteção e reafirmou o compromisso de todos os envolvidos em garantir que as crianças e jovens tenham acesso a um ambiente seguro, acolhedor e propício ao seu desenvolvimento.