No contexto da celebração dos seus 25 anos de serviço à diocese, o bispo do Algarve foi desafiado pelo núcleo algarvio da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores a partilhar como é ser gestor na «Igreja-empresa».

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na palestra que teve lugar em Faro, no salão paroquial de São Luís no passado dia 23 deste mês, subordinada ao tema “Jubileu Episcopal: 25 anos na gestão da Diocese do Algarve”, D. Manuel Quintas disse tratar-se de uma “liderança servidora” e exortou cada um dos 40 participantes a “iluminar depois a sua própria missão como gestor e empresário cristão”, pondo a “render os seus talentos com sabedoria e com fé”.

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O bispo diocesano deu alguns exemplos de como isso pode ser feito. “Ouvir colaboradores, dar prioridade ao bem comum sobre o lucro imediato, decisões éticas, escuta ativa das equipas e evitar o centralismo”, foram algumas das indicações deixadas pelo orador, que disse que “a empresa é como se fosse uma diocese em miniatura”, pese embora tenha reconhecido que “as empresas têm regras do mercado” que têm de seguir.

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Procurando explicar o modo como a missão do bispo pode inspirar quem é administrador ou gestor de uma empresa, D. Manuel Quintas referiu que “uma diocese, tal como uma empresa, é uma comunidade com uma missão definida que segue e propõe valores e que enfrenta desafios”. “A Igreja é uma instituição humana e tem necessariamente de gerir bens que tem (ou que não tem)”, referiu, explicando que o bispo é aconselhado pelos órgãos colegiais: Conselho Pastoral, Conselho Presbiteral, Conselho para os Assuntos Económicos e Colégio dos Consultores. O bispo do Algarve acrescentou que “esta dimensão está a ser muito desenvolvida na Igreja” com o “movimento da sinodalidade que valoriza ainda mais o contributo de toda a comunidade”.

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O responsável católico enumerou ainda algumas das “caraterísticas do perfil do bispo como pastor e como administrador dos bens de Deus”. “Vigilante, guardião, visitador, aquele que apascenta, que cuida da comunidade, não procurando vantagens pessoais, mas sempre para o serviço e o proveito daqueles que lhes estão confiados e a quantos preside, servindo”, foram alguns dos aspetos que realçou.

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A estes, juntou quatro virtudes, apontadas pelos falecidos Papa Francisco e cardeal Carlo Maria Martini, que garantiu serem “essenciais para definir o perfil de um bispo” e “talvez do gestor também”: “integridade, lealdade, paciência e misericórdia”. D. Manuel Quintas disse que estas devem ser acrescentadas às virtudes teologais – fé, esperança e caridade – e às virtudes cardeais – prudência, justiça, fortaleza e temperança.

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D. Manuel Quintas referiu que as “palavras que podem exprimir a missão” episcopal são “governar, administrar e pastorear com discernimento”, lembrando que “o bispo toma decisões baseado na fé e na razão”.

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Evidenciando que o múnus episcopal deve ser “exercido como serviço”, lembrou que “Jesus, quando serve, inclina-se sobre cada um”. “Toda a autoridade na Igreja deve ser serviço”, realçou, alertando que os “degraus” do sacramento da Ordem – diácono, padre e bispo – “parecem a subir, mas são a descer”.

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A palestra foi precedida pela celebração da Eucaristia e sucedida por um jantar.