O exercício, denominado "Olhão 2010", realizou-se durante a manhã com "a colisão por acidente, no interior do porto de Olhão, a provocar um derrame de 10 metros cúbicos de hidrocarbonetos, o que equivale a 10 000 litros de combustível", explicou o comandante Osório Beja, chefe de Serviço de Combate à poluição do Departamento Marítimo do sul.
"Este cenário permite treinar o plano de contingência para o combate à poluição no mar por hidrocarbonetos, previsto pelo plano Mar Limpo", uma resolução do conselho de ministros com 17 anos, precisou o responsável técnico da marinha portuguesa, frisando que o plano tem quatro graus e o quarto, o menos grave, atribui responsabilidade à administração portuária.
Osório Beja precisou, no entanto, que a dimensão do derrame levou a administração portuária a recorrer ao apoio da capitania (grau três), "mas como esta não tem recursos suficientes passou-se ao grau dois, que envolve o departamento marítimo do sul, com os recursos técnicos da base logística de Portimão e os recursos humanos de Faro".
"Neste cenário foram montadas duas equipas, com um total de 34 homens, que dividiram o derrame em duas partes, nas duas margens do porto. Para a recolha fizemos uso de dois equipamentos diferentes, um deles o recuperador de cordões, que utiliza um cordão de fibras que agrega o óleo (oleofílico) e repele a água (hidrofóbico)", explicou o comandante.
Osório Beja explicou que "ao passar na superfície da água, o cordão recolhe o hidrocarboneto derramado, sendo depois espremido para um depósito onde é recolhido provisoriamente até ser entregue às autoridades competentes para o seu armazenamento ou eventualmente para a sua incineração".
"No outro ponto usámos um recuperador de discos, com as mesmas características do cordão de repelir a água e aderir o óleo, mas mais adaptados para os hidrocarbonetos leves", disse Osório Beja, referindo-se ao segundo equipamento de recolha.
O serviço dispõe ainda, segundo o seu responsável, de um "sistema de limpeza por jato de pressão de água doce, ao qual está agregado um aspirador mecânico para fazer a remoção do hidrocarboneto à superfície".
Este equipamento serve para limpar rochas, mas no cenário criado hoje permitiria limpar a parede do cais no local de recolha à medida que a maré, que estava cheia, começasse a vazar.
Para o responsável do combate à poluição da autoridade marítima do sul, "este tipo de cenários permitem atingir objetivos muito importantes de adestramento e treino do pessoal e de estreitamento das relações com entidades e instituições que podem ser envolvidas neste tipo de incidentes".
Osório Beja fez um “balanço positivo” do exercício e disse que a celeridade de resposta a um cenário destes era fundamental face à inversão da maré, de forma a conter o derrame antes da vazante e evitar a sua saída do porto para a ria Formosa".
"Este cenário permitiu-nos testar isso mesmo, porque nos obrigava a sermos céleres a montar o equipamento antes da inversão da maré, para evitar que o poluente saísse para a ria", concluiu.
Lusa
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