O aumento da acumulação de detritos (assoreamento) no rio Guadiana está a prejudicar o negócio de empresas que fazem passeios turísticos de barco, pela impossibilidade de visitarem determinadas zonas.
De acordo com os gerentes de duas empresas, ouvidos pela agência Lusa, o assoreamento está a aumentar de ano para ano, impedindo a visita a alguns locais, como a ribeira de Odeleite, e condicionando o acesso a outros, como o Pomarão, problema que afeta também os locais de desembarque e os cais existentes.
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve anunciou que está a trabalhar para que a dragagem e desassoreamento do rio aconteçam a partir do próximo ano, mas os autarcas do Baixo Guadiana criticam os sucessivos adiamentos do projeto, que já atravessou diversos governos.
Renato Oliveira, da empresa Riosultravel, que faz também passeios de jipe ou pedestres pela serra algarvia, lamentou que “o Pomarão ou a Ribeira de Odeleite sejam zonas de atração natural” e a operação seja prejudicada pelo assoreamento do rio, que também afeta os locais de desembarque e os cais existentes.
“Obviamente que nos afeta, porque deixámos de poder publicitar essas zonas, que são muito bonitas e atrativas, porque não vamos visitá-las. Não podemos quantificar o número de pessoas, mas afeta com certeza”, afirmou, frisando que a empresa não se ressentiu mais da crise por ter outras ofertas para além dos passeios de barco.
O responsável explicou que quando há grupos que querem ir, por exemplo, até ao Pomarão, tem que ser agendada uma data que coincida com as marés vivas para se deslocarem à zona, de difícil acesso quando a maré está vazia.
A gerente da empresa Transguadiana, Nélia Lança, disse à Lusa que o seu barco é “o único que construído propositadamente para fazer passeios no rio” e tem um calado pouco profundo, pelo que não tem problemas com a navegação, mas lamentou também a impossibilidade de desfrutar da beleza natural da ribeira de Odeleite.
“Antigamente entrávamos na ribeira e aquilo é bonito, porque tem muitos pássaros e havia também tartarugas e cágados, e nós parávamos ali também para as pessoas tomarem banho, porque no rio é perigoso, mas ali dava para fazer isso tudo e enriquecia bastante a excursão. Agora é impossível, aquilo está tudo assoreado”, lamentou, frisando que há 15 anos transportava 140/150 visitantes por passeio e agora o número anda nas 40/50.
Nélia Lança apontou ainda outra forma de valorizar os passeios, que seria realizá-los à noite ou ao pôr-do-sol. Contudo, disse, “como o rio não está balizado a capitania não deixa” por razões de segurança.