Segundo o deputado e líder do PSD/Algarve, na região de Valência (Castelló) corre um abaixo-assinado para que as autoridades espanholas reconheçam a raça Xarnego Valenciano que, “pelos três exemplares canídeos expostos aos subscritores, tem as mesmas características morfológicas” do cão do barrocal algarvio.
“Nesta corrida ao reconhecimento canídeo, seria injusto que Portugal perdesse para a Espanha a posição de precedência que lhe será justo reconhecer no estudo desta raça autóctone”, destaca aquele parlamentar.
Mendes Bota pretende que a Direcção Geral de Veterinária “corresponda” ao pedido da Associação dos Criadores do Cão do Barrocal Algarvio (ACCBA), afim de evitar que “um trabalho desenvolvido há mais de 15 anos, não venha agora a ser usurpado por arrivistas de última hora, na vizinha Espanha”.
Ao defender o “indubitável interesse” no apuramento e na expansão de uma raça canina característica do Algarve, o deputado social democrata recorda que desde 1995 “têm sido feito estudos morfométricos e tomadas iniciativas para o apuramento da diversidade genética, tendo em vista a futura viabilização da raça autóctone Cão do Barrocal Algarvio”.
Excelente caçador, tanto na caça menor como nas montarias, o cão típico do barrocal algarvio foi usado ao longo dos tempos pelos caçadores do Algarve, sendo identificado ao longo de gerações como "cão abandeirado", "fraldado", "felpudo"ou "guedelhudo", devido à forma da sua cauda e pelo comprido e macio.
De acordo com o presidente da ACCBA, durante muito tempo “ninguém reparou na sua especificidade e personalidade e com potencial para futuro reconhecimento de mais uma raça portuguesa”.
Segundo Rogério Teixeira, a partir da década de 60 e com a massiva introdução e utilização de cães de parar, esteve à beira da extinção, “restando apenas alguns exemplares nas matilhas e em focos, posteriormente identificados, do barrocal”.
“A origem do animal terá resultado de cruzamentos bem sucedidos entre vários tipos de cães. Ao longo de muitos anos, o homem do barrocal forjou um cão com temperamento próprio e perfeitamente adaptado e eficiente nos terrenos mais inóspitos, como é a sua região de origem”, observa Rogério Teixeira.
O cão do barrocal algarvio apresenta características morfológicas bem vincadas, como a cabeça bem levantada, leve e fina, com stop ligeiramente pronunciado. O crânio é ligeiramente mais curto que o chanfro nasal.
Tendo o castanho como cor predominante, os olhos, semi-oblíquos em forma de amêndoa, devido à grande intensidade solar que se faz sentir na região de origem, enquanto as orelhas com implantação alta, são eretas e pontiagudas em forma de pirâmide e o pescoço de comprimento médio.
Tem a linha dorsal semi-arqueada e o tórax de média profundidade, o que lhe permite grande resistência na caça.
De membros secos, fortes e aprumados, apresenta um ventre ligeiramente arregaçado, com cauda comprida de pelo liso e comprido que, em ato venatório ou alerta, forma uma bandeira, daí a designação de “Cão Abandeirado”.
O pelo liso e médio, muito macio, valeu-lhe a designação de Felpudo, Lanudo ou Fraldado, apresentando como cores frequentes os amarelos (claro, escuro e fulvo), preto, castanho (claro e escuro), branco unicolor ou malhado, conjugando qualquer das cores anteriores.
Os machos têm uma altura média entre 45 e 55 centímetros e pesam entre os 20 e os 25 quilos, enquanto as fêmeas medem em média 40 a 50 centímetros e um peso entre os 15 e os 20 quilos.
De acordo com a Associação dos Criadores do Cão do Barrocal Algarvio, atualmente existem mais de mil exemplares que são apresentados em certames como a Feira de Caça e Pesca e do Mundo Rural do Algarve.
Lusa