
O bispo do Algarve considera que os dois principais problemas da diocese são o número diminuto de padres para atender às necessidades das suas paróquias e os cristãos “de ocasião”. D. Manuel Quintas entende que se o segundo fosse resolvido, o primeiro ficaria também solucionado.
O prelado disse ontem, na eucaristia de encerramento da visita pastoral à paróquia da Mexilhoeira Grande que teve lugar na igreja da Figueira, ter sido esta a sua resposta quando questionado por um aluno do segundo ciclo de escolaridade no decurso daquela iniciativa que teve início no passado dia 9 deste mês.
“Fui apanhado de surpresa, pensei um bocadinho e disse-lhe que tinha dois problemas. O primeiro que lhe referi foi a dificuldade que tenho, como bispo, de atender à necessidade das nossas paróquias, sobretudo com um grupo mais numeroso e rejuvenescido de padres”, contou, sublinhando que a Diocese do Algarve “tem um número muito generoso de padres”. “Muitos deles já mereciam e precisavam descansar devido à idade e à sua dedicação tão abnegada à diocese e às paróquias onde trabalharam”, complementou.
D. Manuel Quintas regozijou-se também com o grupo de sacerdotes jovens, “fruto da oração das comunidades cristãs” e do Lausperene realizado anualmente. “Estou verdadeiramente convencido que é a resposta que Deus nos dá à oração da diocese, das paróquias e comunidades”, afirmou, lembrando também o grupo de seminaristas. “É bom, mas é pequeno, são poucos. Gostaria que nos fosse possível termos mais sacerdotes para apoiar aqueles que já têm uma idade avançada, até para tomar o lugar deles em tantas paróquias onde isso se nota de uma maneira muito evidente”, acrescentou, frisando que a falta de sacerdotes é um problema com o qual vive e pelo qual reza todos os dias.
“O outro problema é, olhando para os cristãos do Algarve, verificar que a maioria deles são cristãos de ocasião, de tradição, certamente querendo ser melhores e mais discípulos de Cristo, mas não se empenhando muito nisso”, lamentou. O bispo do Algarve considera que a maioria dos cristãos algarvios “vive e celebra a fé mas como algo ocasional que não tem impacto na sua vida, nem na vida dos outros à sua volta”. “Que bom seria que os cristãos do Algarve fossem por convicção e não por tradição ou convenção; que se decidissem a conhecer melhor a palavra de Deus e a pessoa de Cristo; a dedicar algum tempo da sua vida a aprofundar a palavra de Deus; a deixar que palavra de Deus seja luz que ilumine a sua vida”, desejou, acrescentando: “Não podemos contentar-nos em ser cristãos apenas de ocasião e em celebrar a nossa fé apenas em momentos da nossa vida. Somos cristãos, batizados, constantemente. A fé é algo que nos acompanha ao longo de toda a vida”.
D. Manuel Quintas disse ainda estar convencido de que “se este segundo problema fosse resolvido, não faltariam padres”. “Quanto mais as paróquias ganham consciência da sua identidade pessoal cristã ligada à palavra de Deus e do evangelho, mais participação e colaboração existe nas paróquias e mais gente se dispõe a servir de diferentes maneiras. E a conclusão é fácil: mais rica é essa comunidade cristã”, sustentou.
O prelado considera que “crescendo a autenticidade cristã na Diocese do Algarve, ela própria encontrará resposta também para os servidores a todos os níveis, em todos os ministérios, inclusive no ministério sacerdotal” e exortou à oração por esta intenção. “Que nos unamos em oração, seja pelos nossos sacerdotes, seja pelos nossos jovens que estão a caminho do sacerdócio, seja para que todos os cristãos do Algarve cresçam na fé, na sua identificação com Cristo e na disponibilidade ao Espírito Santo”, pediu.