Museu_albufeiraO cepo de uma âncora romana descoberto na costa algarvia em 2009 foi restaurado e vai integrar a exposição permanente do Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira no próximo verão, disse à Lusa a vereadora Marlene Silva.

“O cepo vai estar em destaque no museu e está já a ser preparada uma estrutura que vai dar realce à sua imponência e interesse”, adiantou a responsável municipal, acrescentando que já está em curso um trabalho de divulgação e promoção junto de hotéis e agências de viagens.

Aquele cepo de chumbo – com quase 300 quilos e dois metros de comprimento -, era a peça mais pesada da âncora a que estava fixado, tendo como função obrigar a âncora a ficar “deitada” no mar.

“Calculamos que seja uma peça do período romano, provavelmente da fase final, entre os séculos III e IV”, disse à o arqueólogo municipal, Luís Campos Paulo, explicando que se no cepo ainda tivesse ficado alguma madeira da âncora seria possível saber a datação exata, através do processo de radiocarbono.

Para aquele investigador, o cepo “é revelador de uma navegação que existia ao largo da costa durante esse período” até porque a sua dimensão faz os especialistas admitirem tratar-se de uma peça integrada num barco de grande dimensão.

“É talvez dos maiores que já surgiram, conhecem-se alguns até aos quatro metros, mas a maioria até é inferior aos dois metros”, acrescentou aquele arqueólogo, admitindo que outras peças do género encontradas na zona da Galé, na costa de Albufeira, são desta dimensão.

Por desvendar está ainda a causa que levou a que a peça ficasse no fundo do mar, havendo a hipótese de ter sido perdida por uma embarcação em trânsito ou pertencer a uma embarcação que terá naufagado, explicou.

Segundo o arqueólogo, só a continuação de trabalhos arqueológicos subaquáticos na zona onde o cepo foi encontrado, ao largo de Albufeira, poderá trazer novas informações.

A continuação das pesquisas arqueológicas naquela zona é uma vontade do executivo municipal, que quer elaborar uma carta arqueológica subaquática do concelho, segundo a vereadora Marlene Silva.

As escavações efetuadas em 2013 em Santa Eulália permitiram encontrar vestígios de uma antiga fábrica do período romano que, juntamente com o cepo agora recuperado, podem dar pistas sobre a atividade comercial no Algarve naquela altura.

Segundo Luís Campos Paulo, os produtos produzidos nessa fábrica seriam armazenados em ânforas que eram transportadas em embarcações que percorriam a costa espanhola e toda a zona do Mediterrâneo.

“Este é mais um elemento desta atividade comercial que existia entre a costa algarvia e as grandes cidades do mediterrâneo”, vincou o arqueólogo.

A peça foi encontrada em 2009 por dois mergulhadores de um centro de mergulho de Albufeira quando testavam equipamentos de locomoção subaquática.

Foi depois enviada para o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, da Direção Geral do Património Cultural, em Lisboa, onde foi recuperada.