O julgamento da providência cautelar sobre a proibição de venda do livro de Gonçalo Amaral "Maddie – A Verdade da Mentira" deveria ter começado hoje.
Depois de ter recebido o documento do advogado António Cabrita a comunicar a sua ausência, a juíza do processo marcou as sessões do julgamento para os dias 12, 13 e 14 de Janeiro, na 7ª vara do Tribunal Cível de Lisboa, no Palácio da Justiça.
Kate e Gerry MacCann, pais da criança inglesa desaparecida em 2007 no Algarve, e Gonçalo Amaral estiveram presentes no início da sessão, ainda que não fossem obrigados a fazê-lo por se tratar de uma acção cível.
Esteve também presente uma das seis testemunhas indicadas por Gonçalo Amaral, o inspector da PJ Tavares de Almeida.
As restantes cinco, entre as quais Moita Flores, Luís Neves e Guilhermino Encarnação, não responderam à chamada.
Kate e Gerry McCann, pais da criança inglesa desaparecida em 2007 no Algarve, chegaram cerca das 09:00 ao Palácio da Justiça, enquanto Gonçalo Amaral chegou às 09:20.
Antes de entrar no tribunal, Gonçalo Amaral disse aos jornalistas que "Portugal é um país com liberdade de expressão".
"Portugal é um país livre desde o 25 de Abril e não posso ser incriminado por ter escrito um livro. Houve outras pessoas que escreveram outros livros", salientou, acrescentando que espera a colaboração dos investigadores que são suas testemunhas no processo.
Cerca de uma dezena de elementos do Projecto Justiça Gonçalo Amaral envergando t-shirts onde se pode ler "Liberdade de Expressão", estão a distribuir simbolicamente cravos vermelhos.
Os pais de Madeleine McCann, desaparecida em 03 de Maio de 2007 na Praia da Luz, no Algarve, alegam que o livro e o vídeo comercializado após um documentário exibido na TVI divulgam a tese de Gonçalo Amaral, que consideram insustentável, de que os dois estão envolvidos no desaparecimento da filha.
Por isso, através de requerimento apresentado pela advogada Isabel Duarte, o casal britânico pediu ao tribunal a retirada do mercado, embora com carácter provisório, do livro e do vídeo, que acabou por ser decretada a 09 de Setembro.
A correr trâmites encontra-se também outra acção contra Gonçalo Amaral, com a acusação de declarações consideradas difamatórias, na qual o casal britânico pede uma indemnização de, pelo menos, 1,2 milhões de euros.
O livro "Maddie – A Verdade da Mentira", o mesmo título do documentário exibido na TVI, foi publicado em 2008 e lança a suspeita de que os pais da criança terão participado na ocultação do cadáver.
Na qualidade de coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão, Gonçalo Amaral integrou a equipa de investigadores que tentou apurar o que aconteceu a Madeleine McCann.