© Luís Forra/Lusa
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Em altura de crise, são muitos os que tentam vender todo o tipo de artigos em feiras de rua para compensar a quebra de rendimentos. Em Portimão, o número de licenças emitidas aumentou cerca de 50% desde há dois anos.

No município algarvio, a Feira de Velharias realiza-se duas vezes por mês.

Segundo dados da Portimão Urbis, empresa municipal que gere o espaço de feiras e exposições concelhio, para o primeiro semestre deste ano foram emitidas cerca de 400 licenças.

Se para algumas pessoas as feiras de velharias são locais de convívio, para outras são os espaços preferenciais para venderem os objetos acumulados e pouco utilizados a preços simbólicos, mas que permitem aumentar os rendimentos mensais.

Muitos vendedores queixam-se de que a procura e a venda de objetos raros, antigos ou de coleção “já não são o que eram”, mas as poucas verbas que dizem conseguir arrecadar com as vendas sempre ajudam no orçamento familiar.

“Venho vender para a feira para fazer mais algum dinheiro com coisas que tenho em casa e que já não preciso, sendo alguns dos artigos oferecidos por amigos e outros de estrangeiros que se vão embora, pois o orçamento mensal é cada vez menor”, disse à Lusa Carlos Paiva, um dos vendedores do mercado bimensal de Portimão, que atrai vendedores e compradores de várias zonas do Algarve.

Funcionário de uma empresa algarvia, Carlos Paiva acrescentou que “as vendas nem sempre são boas e o pouco dinheiro que se faz derrete-se logo no supermercado”.

“Estou empregado, mas comecei há cerca de um ano a vender na feira por necessidade e nem sempre o esforço compensa. Nota-se que há menos pessoas a comprar, o dinheiro não abunda e quem compra escolhe o mais barato”, sublinhou.

Carlos Paiva acrescentou que “o número de pessoas a vender tem crescido nos últimos tempos, mas há quem desista logo, porque a coisa não resulta”.

Em Portimão, a Feira de Velharias acolhe pessoas das mais variadas profissões, empregados, desempregados e reformados.

“Estou reformado, faço isto por prazer, mas também para ganhar um dinheirito extra”, contou Joaquim Gervásio, que depois de “uma vida” a trabalhar na Casa da Moeda, em Lisboa, negoceia agora na feira moedas e notas que levou consigo para a terra natal, após a reforma.

Assim, além do hobby, acaba por ganhar algum dinheiro extra, apesar de as vendas já terem conhecido melhores dias.

“Agora para se vender temos de baixar muito os preços, o que faz com que a margem de lucro seja menor”, indicou, exemplificando com o preço do rublo, que chegou a ser negociado por 160 euros e hoje é vendido por cerca de 75.

Se algumas pessoas veem nas feiras uma oportunidade para conseguir um rendimento extra, outras apenas o fazem pelo prazer do convívio.

Paula Rato, empresária algarvia do ramo da restauração, começou a participar “por brincadeira”, a convite de um familiar, mas depois de três meses “o convívio aos domingos de manhã acabou por ser um aliciante para continuar”.

“Achei piada, tinha muitas coisas e cá estou a escoar a tralha. Para mim não é uma fonte de rendimento, é mais um prazer para dar o gostinho ao meu dedo de vendedora”, sustentou.