Carlos Afonso, responsável pela descoberta, disse à Lusa que apesar de já se ter conhecimento da espécie, esta nunca tinha sido analisada ao pormenor, já que existe uma "lacuna" na inventariação de espécies que habitam a costa.

A espécie agora descrita pela primeira vez foi descoberta durante o trabalho de campo realizado ao abrigo do projecto "Cartografia das comunidades marinhas da costa algarvia dos zero aos 30 metros de profundidade" (RENSUB).

"A Ria Formosa, por ser um sistema fechado, está bem estudada, mas a costa algarvia está pouco explorada", disse o investigador, acrescentando que até agora o projecto já cobriu o Algarve Central, de Faro a Lagos.

O gastrópode, da espécie "Fusinus Albacarinoides", foi identificado durante um mergulho entre a Praia da Oura, Albufeira, e a Praia da Marinha, Lagoa, e tem cerca de vinte milímetros de comprimento e oito de diâmetro.

Apesar do género "Fusinus" ser bastante comum e existir um pouco por todo o mundo, a espécie agora descoberta está, para já, apenas identificada na costa algarvia, frisou Carlos Afonso.

O projecto que permitiu a identificação do búzio está a ser desenvolvido pelo CCMAR e financiado pela Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Algarve, com o objectivo de constituir um mapa completo sobre a biodiversidade da costa algarvia.

Até agora foram identificadas, ao abrigo do projecto, cerca de 1272 espécies, correspondentes a 155 peixes, 998 invertebrados e 119 algas, com um total de 32 espécies registadas pela primeira vez em Portugal.

Nos últimos cinco anos, a equipa que integra o projecto já mergulhou em cerca de 150 pontos aleatórios da costa algarvia, sendo que em cada local o mergulho é repetido quatro vezes por ano, para identificar eventuais variações.

O projecto teve início frente à barra de Faro/Olhão, onde começaram por ser estudados os substratos arenosos, estando agora a equipa a centrar-se na faixa entre Portimão e Lagos, para estudar os substratos rochosos.