MergulhadorA Universidade do Algarve (UAlg) e um grupo de mergulhadores internacionais realizam hoje uma campanha de investigação científica subaquática para explorar a biodiversidade numa gruta em Sagres, recolhendo imagens de alta resolução para fazer uma cartografia tridimensional.

A primeira fase da campanha, que se deverá estender a mais grutas, arranca hoje à tarde na gruta “A Catedral”, onde investigadores da UAlg e membros da Global Underwater Explorers (GUE) vão fazer mergulhos, apoiados por tecnologia diversa, como minissubmarinos e uma câmara hiperbárica, entre outros.

Segundo o investigador Duarte Nuno Duarte, trata-se de uma gruta submersa, com um espaço a céu aberto e outros muito confinados, onde existem corais e esponjas marinhas e que servem como local de refúgio e maternidade para muitas espécies, como os crustáceos, devido à mistura de água doce e salgada no interior da gruta.

O investigador, do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da UALg sublinhou à Lusa que aquela gruta apresenta uma comunidade biológica e ambiental muito rica, uma vez que se trata de um habitat com caraterísticas particulares, devido à confluência de água doce e salgada, “do qual se conhece muito pouco e que é de difícil estudo”.

O docente acrescentou que, no passado, a atual gruta marinha era um canal subterrâneo (aquífero) de água doce, com zonas de exposição aérea, que ficaram submersas com a subida do nível médio da água de mar.

Há 18.000 anos, no período pós-glacial, o nível médio do mar encontrava-se cerca de 120 metros abaixo do atual e a sua subida deu origem a novos habitats nas grutas.

O objetivo do projeto de investigação da UAlg Marine Caves Lifes Project (MCLP) é que a campanha possa estender-se a outras grutas marinhas de Sagres e de outras zonas do país sobre as quais quase não existe informação.

A campanha é realizada em parceria com o projeto BaseLine – Global Underwater Explorers – Expedition 2014 e GUE Project Baseline Sagres.