Museu_cortica_silvesO presidente da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (APAI) informou hoje que vai ser lançada uma petição pública para entregar à Assembleia da República em defesa do Museu da Cortiça e da Fábrica do Inglês, em Silves.

Durante uma concentração pública em frente à antiga fábrica de cortiça, onde marcaram presença mais de 50 pessoas, Jorge Custódio apelou à participação dos cidadãos na tentativa de travar o processo de “desmembramento” e “destruição” daquele complexo industrial, que alberga o Museu da Cortiça, encerrado em 2010.

“Portugal é um dos maiores produtores de cortiça do mundo e os museus são a montra da sua memória”, afirmou, perante uma plateia atenta, acrescentando que se trata não só de defender o património, como também da defesa dos “valores económicos”, já que a indústria portuguesa está ligada à cortiça.

A 30 de maio, o espólio do museu e o edifício foram alvo de disputa num leilão público em que a Câmara de Silves participou, sem ter conseguido a aquisição do espólio, vendido ao Grupo Nogueira por 36 mil euros.

Os edifícios desativados da Fábrica do Inglês foram adquiridos pela Caixa Geral de Depósitos por 2,2 milhões de euros.

Na concentração realizada hoje marcaram presença os diretores de pelo menos três museus algarvios – Loulé, Albufeira e Portimão -, o vice-presidente e a vereadora da Cultura da Câmara de Silves, além de habitantes da cidade, que se mostraram apreensivos com o futuro do museu e da fábrica.

Em declarações à Lusa, Domingos Silva, residente em Silves, classificou a situação como “vergonhosa”, afirmando ter “muita pena” do que se está a passar com o museu e a fábrica, que funcionavam como um polo de atração turística da cidade, sendo também um ponto de encontro e uma zona de lazer para os residentes.

Domingos Silva afirmou que participou na concentração porque queria “saber o que se passa”, uma vez que “há pouca informação”, mostrando-se disposto a participar ativamente no processo que permita garantir a manutenção do museu na cidade.

Durante a sessão pública, em que falaram o ex-diretor do museu, a diretora do museu de Loulé e membro do Conselho Internacional de Museus (ICOM) Dália Paulo e o ex-diretor do Museu Nacional de Arqueologia Luís Raposo, foi ainda distribuído à população uma moção e um comunicado sobre a situação do museu de Silves.

Construída sobre uma antiga fábrica de cortiça, a Fábrica do Inglês, complexo de animação turística fundado em 1999, albergava o Museu da Cortiça e espaços de restauração e espetáculos, mas faliu e desde há cinco anos está abandonada, tendo sido alvo de furtos de cobre e de outro material.

No museu permanecem máquinas únicas no mundo e outros equipamentos que remontam ao período em que Silves era a capital nacional da indústria corticeira.