O encerramento, segundo o director do museu, pode acontecer ainda neste mês de Dezembro, devido às dificuldades financeiras que atravessa a sociedade proprietária do museu e do parque de lazer em que se insere.
A empresa tem dívidas acumuladas de 6,5 milhões de euros, não consegue cumprir as obrigações com os bancos e aguarda, por isso, uma resposta da autarquia de Silves à proposta de arrendamento submetida em Novembro para manter as portas abertas.
Luís Raposo entende que compete às autoridades nacionais e municipais de tutela do património industrial e dos museus garantir a salvaguarda do acervo em causa, defendendo que "devem os seus titulares ser pessoalmente responsabilizados pelos actos ou omissões que pratiquem neste contexto".
"Há bens que não se vendem; há hesitações ou desinteresses que não se perdoam. Estamos esperançados em que o bom senso prevaleça e que a presente situação crítica seja ultrapassada", declarou.
Para a resolução rápida do problema, propõe "separar o Museu do projecto comercial no seu todo", dotando-o de entrada autónoma e de regulamento interno de funcionamento.
Considera imperativo proceder igualmente "no mais curto prazo ao inventário exaustivo de todo o acervo, única forma de garantia do seu controlo e da sua desejada perenidade".
O Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês foi inaugurado em 1999, após a recuperação e transformação da antiga fábrica Avern, Sons & Barris num parque de cultura, animação e lazer. Empresários locais investiram cerca de 12,5 milhões de euros no projecto, que beneficiou de apoios comunitários na ordem dos 500 mil euros.
Em 2001, foi distinguido pelo Fórum Museológico Europeu com o Prémio Micheletti para Melhor Museu Industrial da Europa, tendo recebido nesse ano mais de 100 mil visitantes. Com o esgotamento do modelo de negócio da Fábrica do Inglês nos últimos anos, têm-se registado cerca de 30 mil entradas anuais.