PescaOs armadores algarvios da pesca do cerco ameaçam manter a atividade parada até que sejam definidas as condições para venda dos contentores com mistura de pescado, disse ontem o presidente da Organização dos Produtores de Pesca do Algarve (OLHÃOPESCA).

“Os cerca de 50 barcos da pesca do cerco do Algarve estão parados e assim irão manter-se até que a Docapesca defina o método de pesagem e venda em lota dos contentores que trazem alguma mistura de pescado”, disse Miguel Cardoso à agência Lusa.

A decisão dos armadores do cerco em manter os barcos em terra foi tomada na terça-feira depois de quatro embarcações terem sido impedidas pela Inspeção-Geral das Pescas de venderem sardinha, carapau e cavalas, na lota de Portimão, devido à mistura de várias espécies nos contentores.

De acordo com Miguel Cardoso, os cardumes andam sempre misturados e, quando ocorrem as capturas, o peixe é escolhido a bordo, distribuído e acondicionado nos contentores, “mas existe sempre mistura em pequenas quantidades”.

Na prática, “o que nos exigem é que os milhares de peixes capturados – sardinha, carapau, cavala e outras espécies – sejam separados e acondicionados espécie a espécie”, sublinhou o armador e dirigente da OLHÃOPESCA, acrescentando que “é impraticável escolher os peixes um a um”.

Até aqui, a venda em lota da sardinha, carapau e cavala tem sido efetuada depois de ser retirada uma amostra de pescado ao contentor, amostra essa que serve de cálculo para aferir a percentagem que tem de cada espécie, sendo leiloada a que tiver maior percentagem.

“O que acontece é que a Inspeção-Geral das pescas não quer que isto ocorra e exige que o peixe seja escolhido espécie a espécie e pesado à grama. Isto não é exequível na pesca do cerco”, sustentou.

Miguel Cardoso assegurou que as cerca de 50 embarcações que compõem a frota da pesca do cerco do Algarve vão manter-se “solidária e em terra” até que as autoridades, nomeadamente a Docapesca, definam as condições para a venda em lota dos contentores de mistura de pescado.

Contactada pela agência Lusa, a Docapesca escusou-se a fazer comentários sobre o assunto.