
A Igreja algarvia despediu-se esta tarde do padre Augusto Dourado, ontem falecido no hospital de Portimão após doença prolongada.
Na missa exequial a que presidiu na igreja matriz de Lagoa, o bispo do Algarve lembrou que a “vida que não termina com a morte, mas apenas se transforma”.
D. Manuel Quintas exortou ao “olhar de fé” “na vida para além da morte, na vida eterna”. “O mistério da morte é sempre algo que nos envolve, interpela e, ao mesmo tempo, que nos leva a olhar, de maneira mais realista, à verdade da nossa vida, àquilo que é verdadeiramente essencial, pois sabemos que gastamos muitas energias com aquilo que tem pouco valor e é secundário”, afirmou.
“Quando olhamos para o mistério da morte somos sempre impelidos a olhar para a nossa vida com mais verdade e autenticidade, mas sempre fazendo com que a confiança em Deus venha ao de cima. Não com temor, medo ou angústia, mas com a confiança de filhos. E os filhos, quando confiam verdadeiramente no pai ou na mãe, ainda que atravessem perigos, ficam sempre serenos e em paz porque vão apoiados na mão ou ao colo de quem os ama, protege, ampara e guia”, complementou.

O prelado lembrou a “ligação estreita” entre o ministério do sacerdote e a eucaristia, considerando que a vida do padre Augusto Dourado “é uma afirmação de fé na eucaristia”. “Nesta oração de ação de graças e de invocação pelo dom desta vida plena e eterna do senhor padre Dourado, queremos ter presente todo o bem que ele semeou já na última fase da sua vida também na nossa Igreja diocesana, particularmente pelas eucaristias que celebrou e pela palavra que anunciou”, destacou D. Manuel Quintas.
Lembrando a iniciativa do Lausperene, o bispo diocesano disse que as dioceses “precisam de sacerdotes, de servidores da eucaristia, de testemunhas de Cristo e do evangelho” e agradeceu à paróquia de Lagoa e ao seu pároco, o padre José Nunes, por ter acompanhado o padre Dourado, particularmente na doença.
O padre Augusto Dourado, de 89 anos, era pároco aposentado da Diocese de Beja e residia no Algarve desde 2008, colaborando desde então com diversas paróquias da diocese algarvia, nomeadamente com a paróquia de Lagoa.
O sacerdote, natural de Eiras, concelho de Coimbra, ordenado a 28 de junho de 1953, foi coadjutor paroquial em Santiago do Cacém e pároco de Sabóia durante 52 anos, tendo sido também professor da telescola.

Na missa desta tarde, concelebrada por oito sacerdotes da Igreja algarvia, o pároco de Lagoa regozijou-se por ter privado com o falecido. “Foi uma graça ter conhecido este homem. Conheci-o desde o ano em que ele foi para Sabóia. Admirei sempre a sua disponibilidade que, às vezes, parece que era até exagerada, muitas vezes ultrapassando até as suas capacidades, quer de saúde, quer da idade”, testemunhou o padre José Nunes.
Dando conta da “preocupação” do padre Augusto Dourado “com aqueles que passavam fome”, explicou dever-se a ele a implementação de reforços alimentares aos alunos da escola da freguesia de Sabóia, concelho de Odemira, e testemunhou o seu trabalho na alfabetização da população daquela localidade. “Foi um homem que quis dar o pão do corpo, o pão da cultura e o pão da vida eterna. Sentimo-nos gratos pelo dom de Deus que foi este homem”, concluiu.
Depois da missa exequial, o cortejo fúnebre seguiu para Sabóia, onde amanhã será celebrada missa pelas 11h, presidida pelo bispo de Beja, D. António Vitalino, sendo que o corpo do sacerdote será sepultado no cemitério local. Esta tarde, na passagem por Santana da Serra, freguesia do concelho de Ourique, foi feita paragem a pedido da população local para que esta também se pudesse despedir do sacerdote.