A cerimónia, que coincide com o dia da universidade, criada há 31 anos, contará com as presenças do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, e da ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas.

“O meu regozijo é o facto de perceber que a universidade da terra com a qual mantive uma relação profunda reconhece que eu criei um palco literário para esta zona”, disse hoje a escritora de 64 anos em entrevista à Lusa.

Com uma paixão pela escrita que vem desde a infância, Lídia Jorge, nascida em Boliqueime, publicou o seu primeiro livro, “O dia dos prodígios”, aos 33 anos, obra adaptada para o teatro e que esteve recentemente em cena no Teatro da Trindade, em Lisboa.

Segundo disse à Lusa a escritora, a obra, “completamente ancorada no Algarve”, retrata o país na época da ditadura e é, nas palavras de Lídia Jorge, uma espécie de “último testemunho” de um mundo que ia desaparecer.

“Foi um livro que escrevi com muita inocência e em que fiz um balanço de um mundo que ia desaparecer”, afirma, notando que, apesar de ter sido publicado há trinta anos, o “recado sociológico” contido na obra continua atual.

Em adolescente a autora viu publicados alguns dos seus textos no Jornal do Algarve e Avezinha, inspirados em traduções de outras obras às quais Lídia Jorge adicionava os ingredientes e as personagens do meio onde vivia.

Apesar de já ter publicado obras de vários géneros literários, desde o romance, ao conto ou à poesia, a escritora mantém-se fiel ao romance, género que afirma acompanhar o ritmo dos seus pensamentos.

“É um género longo, em que há pensamento e espaço e eu gosto desse tipo de demora, porque acompanha o nosso percurso mental”, diz, acrescentando que se aquele género literário desaparecer “será uma perda irreparável”.

O mês de março de 2011 será marcado pelo lançamento do mais recente título da escritora, “A noite das mulheres cantoras”, altura em que a peça de teatro que adapta o seu primeiro livro estreará também no Algarve.

Licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa, Lídia Jorge foi professora do Ensino Secundário, profissão que a levou a viver durante algum tempo em Angola e em Moçambique, no último período da Guerra Colonial.

Essa experiência foi retratada no livro “A Costa dos Murmúrios”, de 1988, obra que confirmou a escritora como um dos vultos no panorama da literatura portuguesa.

Lusa