Os comerciantes do Algarve reforçaram hoje a contestação à criação de um complexo comercial pelo Ikea, na sequência do arranque da limpeza de terrenos na terça-feira, apontando irregularidades e riscos para o ambiente e economia regional.
Em comunicado, a Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL), que tem encabeçado a contestação ao complexo comercial Ikea, adianta ter enviado um memorando a 80 entidades públicas, entre as quais o Presidente da República, alertando “para os riscos de avanço deste projeto nos moldes previstos” ao nível ambiental e da estabilidade económica regional.
O projeto prevê uma loja Ikea, uma área comercial tradicional com 195 lojas e um centro comercial especializado com 125 lojas, a par de uma área de estacionamento exterior para 1.819 veículos e de estacionamento subterrâneo para 847 veículos ligeiros.
“O que o grupo Ikea pretende instalar no Algarve é um projeto comercial sem paralelo na experiência deste grupo em Portugal e sem paralelo na região, razões que aumentam a responsabilidade de quem nesta matéria tem de decidir sobre a sua efetiva implementação”, lê-se no memorando divulgado pela ACRAL.
O memorando refere ainda estarem em curso processos judiciais que visam determinar a ilegalidade do Plano de Urbanização Caliços-Esteval (PUCE) – aprovado em 2013 pela câmara de Loulé ara permitir a o uso dos terrenos -, o que poderá determinar a inviabilidade do investimento.
Ao longo de 53 páginas, a ACRAL, a Associação Nacional dos Jovens Empresários, a Confederação dos Empresários do Algarve, a Associação dos Empresários de Quarteira e Vilamoura e a Associação Empresarial da Região do Algarve recordam ter contestado desde o início a localização do projeto que, na altura, estava em solos onde não era permitida a concretização da obra.
Em 2009, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve considerou que a edificação do projeto nos terrenos, agora em fase de limpeza, não era compatível com os programas de ordenamento do território nacional e regional em vigor e entendia que as grandes superfícies comerciais se deviam instalar no interior dos perímetros urbanos ou nas proximidades.
No Estudo de Impacte Ambiental do projeto são referidas as previsões de postos de trabalho criados direta e indiretamente mas os empresários vincam que o estudo “passa ao largo do desemprego que o projeto, esse sim certamente, provocará”.
O projeto comercial recebeu em julho de 2014 um parecer favorável condicionado da comissão de avaliação ambiental por questões relacionadas com os recursos hídricos e o ruído.
Os trabalhos de limpeza dos terrenos arrancaram esta terça-feira, 13 de janeiro e, segundo fonte do grupo Ikea, deverá decorrer nos próximos meses a cerimónia de lançamento da primeira pedra da construção da loja, altura em que serão anunciados mais pormenores sobre o projeto.