o presidente da Câmara de Tavira, Jorge Botelho, explicou que, quando assumiu a presidência do município, “o processo [do museu] estava para [receber visto do] Tribunal de Contas” e “foi necessário arranjar dinheiro para finalizar a obra”, situada em frente ao edifício dos Paços do Concelho.

“A obra está aí, acabada, e seguramente teremos o museu inaugurado em abril, que é a data prevista", disse

Jorge Botelho, adiantando que foram necessários "13 a 14 anos para que os tavirenses vissem uma solução”.

O autarca acrescentou ainda que a obra foi financiada com fundos da câmara e apoios comunitários para a área da regeneração urbana.

Jorge Botelho frisou que o museu, que vai permitir mostrar o património referente à ocupação islâmica da cidade, deverá “dar emprego a pelo menos 10 pessoas”, além de integrar um posto de turismo do Turismo do Algarve.

Além do museu, a câmara prepara-se também para lançar um concurso para o projeto de musealização para proteger uma muralha fenícia, que remonta ao século VIII antes de Cristo.

A arqueóloga Sandra Cavaco explicou à Lusa que as escavações onde se encontram as muralhas foram realizados a partir de 1997, mas em várias fases até 2006, no espaço pertencente à pensão Netos, onde foi realizada uma obra e descoberta a muralha fenícia com cerca de nove metros de largura.

“Para se poder aceder ao espaço da cave da pensão e poder ser musealizada a muralha fenícia, foi preciso escavar no antigo palácio dos Corte Real [família nobre da época medieval] e fazer um túnel por debaixo da rua para a muralha ser visitada”, sublinhou.

Sandra Cavaco precisou que nas escavações “foram encontrados vários níveis de ocupação do espaço”, que começam no século XX, passam pelo período medieval e vão até à “ocupação islâmica, à ocupação fenícia e também turdetana”.

A arqueóloga disse que houve “destruição de alguns níveis pelos níveis seguintes”, mas considerou que “é um sítio muito importante para a história de Tavira” por concentrar “vários séculos no mesmo local”.

Luís Nunes, vereador da Cultura e vice-presidente da câmara de Tavira, considerou que os achados arqueológicos têm “uma elevada importância” e demonstram que “Tavira tem uma história muito rica e longínqua”.

O vereador revelou que a autarquia vai “lançar agora um concurso para o projeto de musealização deste núcleo” e espera “até final do ano adjudicar” a obra, de forma a “talvez no próximo ano já haver construção”.

Folha do Domingo/Lusa