O bispo do Algarve presidiu no passado sábado à celebração de bênção e lançamento da primeira pedra do futuro Centro Paroquial de Olhos d’Água, em Albufeira, que será dedicado a Nossa Senhora de Fátima e incluirá um salão polivalente para a celebração da eucaristia.
Ao contrário do que Folha do Domingo adiantou e por razões, sobretudo, económicas, a obra que agora vai começar a ser construída não inclui, para já, a construção da igreja. “A esperança é que um dia este espaço seja suficiente para se fazer a igreja prevista ou outra, conforme a comunidade entender. Entretanto, e mercê das poderosas dificuldades económicas, optámos pelo edifício que ora começa a ser construído que é polivalente e que servirá a vida religiosa, social e cultural desta comunidade”, explicou o cónego José Rosa Simão, pároco de Albufeira, na celebração de sábado.
Ao Folha do Domingo, o sacerdote garantiu que o projeto que incluía a construção da igreja iria custar “três vezes mais” do que o atual que, segundo o pároco, deverá ascender a menos de meio milhão de euros e será totalmente suportada pela paróquia sem apoio de qualquer entidade oficial. No entanto, mais de metade do terreno, doado em 2009 pela Câmara de Albufeira, com cerca de 5.000 metros quadrados ficará reservado, tal como aconteceu na solução encontrada para Montechoro, para o futuro templo mas para isso “é preciso que a comunidade cresça e que se justifique”, adianta o cónego Rosa Simão.
Após a construção da obra cuja primeira pedra foi agora benzida, composta, para além do salão polivalente, por dois pisos com cinco salas de catequese, sala de convívio, arrumos, dispensa, gabinetes, capela e sacristia, a comunidade de Olhos d’Água deixará de celebrar dominicalmente na cave de um prédio na Torre da Medronheira e passará ter um espaço permanente de oração.
Na celebração, o pároco lembrou que Olhos d’Água é uma “extensa freguesia que vai desde Vilamoura até à praia de Santa Eulália” com cerca de 4.000 habitantes, uma “zona de pescadores tornada numa zona turística de grande nível” onde existem hoje sete hotéis, alguns de cinco estrelas. Recordando que a sua “primeira preocupação”, quando tomou posse como pároco de Albufeira há 46 anos foi a criação de um “centro de catequese” em Olhos d’Água, o prior lembrou que a comunidade começou por celebrar a fé num salão de baile, depois num restaurante, passando por salões e salas cedidas gratuitamente pelos seus proprietários.
Explicando as valências do futuro equipamento, o pároco referiu-se às motivações para a sua edificação. “Queremos servir o povo nas suas variadas camadas etárias, sobretudo os mais carenciados, os jovens, as crianças, os idosos, proporcionando-lhes espaços para convívio, formação variada, encontros, consolas de apoio e até um centro de dia, se houver apoios e se tal se justificar”, adiantou, acrescentando o desejo de que se crie ali um agrupamento do Corpo Nacional de Escutas.
Aos cristãos de Olhos d’Água, o cónego José Rosa Simão pediu “que sintam e amem este lugar e estas obras como suas para si, seus filhos e netos”, “que lhes deem vida e utilidade, “que ajudem a construir esta casa que será a sua casa espiritual e depois zelem pela sua manutenção”. “Ainda nos falta muito em termos financeiros, mas eu confio na vossa generosidade. A casa que vai ser construída não é uma casa para o padre, é a casa de Deus para o seu povo que vive nestas paragens”, completou.
Também o bispo do Algarve pediu aos cristãos locais que “se sintam envolvidos” naquele seu “grande sonho” e que procurem “contagiar outros”, de modo a que não deleguem apenas “naqueles que estão à frente – no pároco e na comissão –, a responsabilidade que é de todos”. “Quanto mais unidos estivermos, quanto mais nos apoiarmos a todos os níveis – não estou apenas a pensar na angariação de fundos, mas em tantas iniciativas que se possam promover exatamente com esse objetivo e finalidade –, melhor nos sentiremos confortados uns pelos outros e melhor singraremos até à construção, até à última pedra que é igualmente importante, para depois todos usufruirmos de todos os benefícios desta construção”, afirmou D. Manuel Quintas.
O prelado destacou ainda “o sentido, o significado e o alcance” do futuro edifício. “Felizmente esta construção tem o objetivo de alicerçar a nossa vida em Cristo, de O conhecer melhor através da escuta da sua palavra, celebrar a sua presença no meio de nós, crescer na identificação com Ele. É importante que, desde o primeiro dia, olhemos para esta obra como o espaço que nos vai permitir alicerçar ainda mais a nossa vida nestes princípios humanos e nestes valores”, sustentou.
O presidente da Câmara de Albufeira também se congratulou com a construção do equipamento que “irá colmatar uma necessidade, cada vez mais premente nos Olhos d’Água, de ter uma obra de caráter espiritual por um lado, mas também de caráter social”. “O alicerce forte para que continuemos a ser felizes é continuarmos a ser aquilo que somos e mantermos aquilo de onde viemos. Naturalmente, a Câmara irá estar ao vosso lado”, completou Carlos Silva e Sousa.
A celebração, que teve início com uma breve apresentação do arquiteto Gonçalo Praia do projeto de arquitetura por si oferecido, teve continuidade com a bênção da primeira pedra e a assinatura da ata que ficou cimentada a atestar aquele acontecimento.