Na iniciativa, promovida pela Diocese do Algarve em parceria com a Paulinas Livraria e a Principia Editora e que teve lugar no Seminário São José, em Faro, o sacerdote considerou que a pedagogia utilizada por Bento XVI conduz o leitor pelo caminho da aproximação de “um Jesus que não é do passado”.

Por outro lado, o padre Joaquim Nunes explicou que é um “caminho que vai sendo balizado entre a margem da história e a margem do mistério” e salientou que se trata ainda de um “percurso pascal, da Semana Santa”, “desde o triunfo da entrada em Jerusalém até à ressurreição”, evidenciado até pelo próprio título: «Jesus de Nazaré. Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição».

Na sessão que contou com a presença do bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, o sacerdote observou que esta obra do Papa se destina a “todos os fiéis” e aos “homens de boa vontade” “que se queiram encontrar com Jesus e acreditar n’Ele”, uma vez que o livro “ultrapassa a confessionalidade, apesar de estar mergulhado completamente na dimensão da fé”.

“O Papa assume-se como fiel que fala a fiéis e homens da boa vontade”, destacou, acrescentando que a linguagem que Bento XVI utiliza é “clara, muito serena e extraordinariamente humilde porque desce ao nível da nossa compreensão” para que o aceso ao livro não seja controlado pelo “domínio do discurso científico” e pelo “jargão do conhecimento académico”.

O padre Joaquim Nunes considerou também que “quer a linguagem, quer a pedagogia são diferentes na acessibilidade relativamente ao primeiro volume do «Jesus de Nazaré»”. “É uma pedagogia de esperança para dar razões da fé como das razões da história e uma pedagogia ativa, que leve a conhecer e amar a escritura para ser testemunha”, complementou.

O sacerdote evidenciou ainda que “o texto resulta de um saber teológico profundo, de natureza académica e cultural, que extravasa até em alguns aspetos o âmbito da teologia, e que tem a ver com investigação”. “Estou perante um texto de alguém que sabe porque investigou e estudou e acrescenta um valor máximo do acreditar: a dimensão e o acolhimento da fé como dom. O Papa sabe, acredita e é a inteligência da fé e a fé inteligente que se tornam manifestas ao longo de todas as páginas do livro”, afirmou, acrescentando que Bento XVI “fala da hermenêutica da fé e hermenêutica histórica para formar um todo metodológico do qual a fé é o cimento”.

O padre Joaquim Nunes lembrou que o livro tem 10 capítulos, sendo que o último é uma “espécie de rasgar do caminho e da pedagogia para o futuro”. “O Papa sai do balizamento das referências históricas e da exegese histórico-crítica para a dimensão da fé, claramente assumida”, afirmou.

Publicada no passado dia 10 deste mês, a segunda parte de «Jesus de Nazaré» surge quatro anos depois do primeiro volume, dedicado à vida de Cristo (desde o Batismo à Transfiguração). Uma terceira parte está a ser escrita por Bento XVI, que vai abordar os chamados «Evangelhos da infância», mas toda a obra começou a ser elaborada nas férias de 2003, antes da eleição de Joseph Ratzinger como Papa.

Samuel Mendonça