O autarca explicou que o concelho tem uma área reduzida relativamente a outros, apesar de a população ser de cerca de 20 mil habitantes e “no verão quintuplicar”, e que, por isso, os fundos provenientes das transferências do Estado “são bastante reduzidos comparativamente com outros municípios com áreas superiores”.

Ainda assim, foram as mudanças no setor imobiliário que criaram maiores dificuldades.

“Nós fomos bastante afetados pela crise financeira, porque a base da receita da câmara não era as transferências do Estado, mas decorria essencialmente da iniciativa do mercado imobiliário, com as taxas urbanísticas e IMT [imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis]”, reconheceu.

Luís Gomes frisou que a crise do mercado imobiliário provocou “uma travagem a quatro rodas absolutamente brusca” a este nível e “uma redução em 2009 e 2010 de 47 por cento da receita global” que não pôde ser compensada com cortes na despesa corrente.

“Apesar de termos tido essa redução de receita, não pudemos reduzir salários, mandar pessoas para a rua, nem nada disso. Há um conjunto de despesa corrente e de capital que se mantém, porque tínhamos obras na rua e um pacote financeiro de obras muito vasto no qual não se podiam fazer alterações”, justificou.

O presidente da autarquia lembrou que o Algarve também saiu de um objetivo para a obtenção de fundos comunitários e admitiu que em 2011 “não há dinheiro para investimento público” nesta área.

Pretende-se agora reverter a situação “pegando em imóveis da câmara onde se podem promover projetos de iniciativa privada que possam ter dois impactos distintos mas complementares: criação de riqueza e criação de postos de trabalho diretos e indiretos”.

Entre estes projetos o autarca disse que já está em curso um hotel na zona poente de Monte Gordo e o concurso público internacional de um silo para estacionamento e adiantou que o município quer lançar rapidamente concursos para um “hotel a céu aberto no centro histórico” e uma unidade hoteleira e centro de estágios no complexo desportivo.

Outro objetivo é conseguir a aprovação do plano de pormenor do Parque de Campismo de Monte Gordo “para criação de uma área turística de que se fala desde 1985”.

Luís Gomes espera, no entanto, contar com mais colaboração e celeridade na apreciação de processos por parte do Estado.

“Se o Estado, apesar de viver em crise, fosse diligente, responsável e competente, tínhamos já a requalificação da frente ribeirinha em marcha. Demora anos e anos a fazer acordo e a dar luz verde para projetos avançarem”, lamentou.

Lusa