As Basílicas cristãs são mais recentes, e estendem-se em dimensão sobretudo no sentido longitudinal, para servir muitas centenas de fiéis mas, herdando as mesmas funções litúrgicas: A Eucaristia e O Baptismo. A “Basilica” sobrepõe-se à “Domus” e torna-se alongada. As Basílicas mais ancestrais não teriam naves laterais, apesar de ser a sua principal característica o de conservarem no mínimo 3 naves, uma central e mais duas colaterais, outra herança romana e pagã. Possuem, no entanto, uma matriz fundamental comum palatina e pública. A Basílica de Mértola, situada no Alentejo, constitui outro arquétipo principal e, através da sua mais antiga “Basilica” do “Forum” e no interior do castelo, cuja nave única é igualmente absidal, encontra-se inacreditavelmente, e ainda hoje, por escavar. Nela achou Estácio da Veiga, e no século XIX, uma curiosa “tartaruga”, outro emblema em mosaico romano-cristão, em vibração imagética e paralela com a Basílica de Aquileia (capital imperial, “Itália”) pertença do Bispo do século III-IV (Teodoro). Por sua vez, a tipologia também “única” da Basílica de Santana do Campo (Arraiolos) deve ser também considerada a mais antiga Eclésia construída com o “aproveitamento” estrutural e formal de “outro” templo gentio. E é também absidal, e executada precisamente com a mesma pedra romana dos seus contrafortes. Constitui, outrossim, a mais antiga estrutura basilical sobrevivente ao período romano muito antigo, e adaptada à “nova” religião cristã.
Todas estas Eclésias reflectem, espacialmente, a expansão do cristianismo pelo império, e o aumento exponencial de congregações e dos “primeiros” fiéis no sudoeste lusitano, originariamente, a partir de meados do século II. São Eclésias e também com características públicas mas, também eminentes e originais baptistérios, as de Milreu (Estoi, Faro), Quinta de Marim (Olhão), e S. Cucufate (V. de Frades, Beja). E são Basílicas, e também baptistérios, as de Mértola (do “Forum”), Torre de Palma (Monforte), e Tróia (península de Setúbal), para além do facto de deterem todas importantes necrópoles cristãs primitivas, e a elas agregadas junto com muitos túmulos e monumentos funerários pagãos à mistura.
Todas estas estruturas arquitectónicas originais não ultrapassarão o século IV, salvo as remodelações amplificantes posteriores, e estão particularmente ligadas às respectivas “Domus”, ou às mais antigas estruturas áulicas ou palatinas sobrevindas da fase do cristianismo primitivo, e seguramente de meados do século III. Apresentam quase todas, uma analogia composicional doméstica ou palaciana mais antiga, e plasmadas nas Eclésias ou nas Basílicas, sendo a de Mértola uma possível estrutura “palatina” integrando, talvez, um Palácio “Episcopal” (C. Torres).
(continua)Arquitecto e ensaísta 5) "A History of Rome", p.281.
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