
O núcleo de Portimão da associação “Leigos para o Desenvolvimento”, uma ONGD (Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento) católica ligada aos jesuítas e vocacionada para missões de longa duração (de um ano ou mais), foi criado o ano passado para permitir aos candidatos ao voluntariado missionário, com a idade exigida (entre os 20 e os 40 anos), realizar a formação requerida por aquela organização sem terem de se deslocar a Lisboa.
Na primeira reunião deste ano do núcleo, realizada na passada terça-feira no Centro Social Paroquial de Nossa Senhora do Amparo, Edite Farinha, voluntária do núcleo de Portimão, lembrou em declarações ao Folha do Domingo que a organização com 29 anos de vida começou há quatro anos a realizar sessões anuais de apresentação no Algarve, com particular incidência junto da comunidade académica. Não obstante os jovens se entusiasmarem com a ideia do voluntariado missionário, aquela missionária conta que o facto de a formação se realizar em Lisboa era um fator desmobilizador. “Era difícil porque estamos a falar de encargos de transportes de 15 em 15 dias para Lisboa”, explica.
Esse motivo foi o que levou a associação, o ano passado, a decidir avançar com a criação do núcleo de Portimão, o último a ser criado pela organização. Para além de Edite Farinha, a estrutura é constituída pelo padre Luís do Amaral – sacerdote da comunidade algarvia jesuíta com uma vasta experiência missionária por ter estado na Ásia e em África, onde trabalhou no Serviço Jesuíta aos Refugiados, passando por países como o Chade, Sri Lanka, Tailândia ou Quénia – e por mais dois voluntários missionários, professores de profissão: José Eduardo Cardoso e Telma Lança.
“Estas reuniões vão continuar a realizar-se enquanto tenhamos voluntários”, assegura Edite Farinha, acrescentando que dois formandos é o mínimo para que o núcleo possa manter a formação. “Se ficar apenas um candidato terá de passar a fazer a formação em Lisboa porque é impossível fazê-la cá sozinho. Existem dinâmicas e trabalhos que a pessoa não pode fazer sozinha”, refere, considerando ser “uma pena não haver mais voluntários do Algarve a aproveitar esta disponibilidade que nunca tinha existido”.
No ano passado, dos nove algarvios que iniciaram a formação, oito desistiram já em janeiro deste ano, no final da primeira etapa. O núcleo algarvio interrompeu funções e o formando que restou prosseguiu a formação em Lisboa, tendo decidido em junho não realizar a missão.
Na terça-feira, a sessão de apresentação contou apenas com duas candidatas, mas até janeiro ainda poderão ser aceites mais elementos.
A associação “Leigos para o Desenvolvimento” trabalha em colaboração com os governos locais e tem o apoio de benfeitores (pessoas que financiam bolsas para os missionários) e de financiadores como o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian ou o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural para determinados projetos.
Atualmente os “Leigos para o Desenvolvimento”, para além de estarem presentes em Portugal, têm duas missões em São Tomé e Príncipe, uma em Angola e outra em Moçambique.