Ordenado a 28 de junho de 1986 na igreja matriz de Portimão pelo bispo do Algarve de então, o falecido D. Ernesto Gonçalves Costa, coadjuvado por D. Paulino Évora, então bispo de Santiago (Cabo Verde), o sacerdote aponta a data de 15 de maio de 1971, dia do seu aniversário, como marco na sua descoberta vocacional pela oferta feita pelo bispo da então Diocese de Cabo Verde, D. José Colaço, de um livro intitulado “O Perfil de Montini”. “A leitura desse livro impressionou-me muito e passei, a partir dessa leitura, a cultivar uma unidade muito grande de amor ao Papa e aos bispos. E julgo que esse foi o sinal mais visível da vocação”, testemunha o padre César Chantre.

Recém-iniciado a trabalhar nos serviços de economia do seu país de origem veio destacado para Tavira para cumprir o serviço militar obrigatório como preparação para a guerra em África, mas manteve contacto regular com o seu bispo amigo. “Aquela ligação, quase paternal, fez-me cultivar o aprofundamento vocacional”, reconhece o padre César Chantre.

Dois anos passados em Tavira, tem um contacto com o capelão militar algarvio, o cónego monsenhor Joaquim Cupertino, que o convidou a fazer uma experiência vocacional e o levou a conversar com D. Ernesto Costa, cuja “humildade franciscana” impressionou “profundamente” o jovem vocacionado.

Com 26 anos entrou para o Seminário Maior de Évora. “Esta vocação já vinha desde a juventude, eu é que não sabia o que era”, constata agora o padre César Chantre, acrescentando que “dificilmente optaria por este caminho se não fosse a divina providência”. “Deus permitiu que algumas pessoas se atravessassem no meu caminho para que eu me apercebesse que estava a ser chamado”, complementa.

Depois de ordenado, assumiu funções no Seminário de Faro como perfeito e ecónomo para reabrir a instituição que tinha o seu edifício fechado e ocupado por retornados. Durante os três anos em que ali trabalhou foi paralelamente professor de EMRC – Educação Moral e Religiosa Católica no antigo liceu de Faro.

Seguidamente foi nomeado para colaborar com o pároco de Albufeira, onde esteve um ano, após o que seguiu para Paderne para substituir o pároco (polaco) que deixaria a paróquia. Na mesma altura colaborou no “processo difícil” de criação de uma “antena da Igreja” na Universidade do Algarve e foi professor de Moral e sua Didática na Escola Superior de Educação (ESE).

Em 1989, D. Manuel Madureira Dias, o então bispo do Algarve, convidou-o para capelão militar na região, mas acabou por ser colocado no Colégio Militar em Lisboa, onde esteve um ano, apesar de continuar como pároco de Paderne e professor na ESE e de prosseguir também com o trabalho iniciado pelo pároco de Albufeira para criação da freguesia e paróquia de Ferreiras que mais tarde consolidaria após a construção da igreja de São José. Dois anos depois, o bispo pede-lhe então que acumule a paróquia de Boliqueime, passando a sediar-se naquela freguesia, e que receba as irmãs salesianas em Paderne, onde também criou um Centro Paroquial para acolher idosos e crianças.

Termina a colaboração com a ESE, regressa a Tavira como capelão militar para o Algarve mas, entretanto, surge a necessidade de um capelão-chefe para a GNR, função que passa assumir, restabelecendo, durante quatro anos, a regularidade da ligação à capital apesar de continuar como prior das paróquias algarvias. “Não foi fácil conciliar. Foi um trabalho importante para a Igreja mas que deixou marcas na minha saúde. Foi a providência divina que me ajudou, tendo na retaguarda as irmãs salesianas a ajudar-me nas paróquias e uma equipa de casais e de jovens que foram extraordinários a colmatar as minhas falhas”, reconhece.

Há cerca de sete anos regressou ao Algarve como capelão regional da GNR, mas pediu já a passagem à situação de reforma. “Continuo a exercer a função militar sem dispêndio para a Fazenda Nacional”, testemunha.

Entretanto, há quatro anos, foi nomeado diretor do Colégio de Nossa Senhora do Alto, instituição educativa da Diocese do Algarve que acolhe cerca de 330 alunos. Sobre esta experiência, o sacerdote prefere deixar o balanço para daqui a 2/3 anos quando acontecer o “encerrar de um ciclo”. “O trabalho tem sido árduo mas gratificante”, adianta ainda assim.

No próximo dia 28 deste mês, as paróquias de que é pároco o padre César Chantre promovem uma Eucaristia de ação de graças a Deus pelos 25 anos da sua ordenação, que terá lugar na igreja de Ferreiras, pelas 19h.

Samuel Mendonça