Na homilia da Eucaristia a que presidiu na igreja paroquial, que teve início com a entronização das bandeiras de cada país, o sacerdote começou por fazer referência à epopeia portuguesa dos descobrimentos. “Saímos para novos mundos, ensinámos quem é Deus na África, Índia, Ásia, Oceânia e América”, destacou o padre Júlio Tropa Mendes, lembrando que “em todas as partes do mundo, Portugal é conhecido e amado”. “A língua é traço comum que nos une uns aos outros e foi através dela que a fé chegou aos vossos povos”, disse aos imigrantes presentes, lembrando que “Deus é pai de todos os povos”.
Aos imigrantes pediu-lhes que não percam a sua identidade cultural. “Procurai que os vossos filhos e netos não percam a identidade da sua língua e da sua cultura. Tendes de ser os primeiros a exigir que os vossos deem exemplo dos valores morais que cada um de vós aprendeu no berço e que a vossa cultura vos deu”, apelou, acrescentando que “a integração não quer dizer perder a identidade”. “Somos todos irmãos e homens e mulheres com os mesmos direitos e deveres”, complementou, exortando a que “palavra do Evangelho” os leve a “anunciar o bem e a denunciar o mal”.
Lembrando que Portugal é “país de imigrantes e de emigrantes”, o prior de Estoi estimulou os presentes a sentirem-se em casa. “Não vos deveis sentir em terra alheia. Procurai pensar que estais em Portugal, que é o país que vos quer continuar a acolher, com crise ou sem crise económica, com crise ou sem crise de valores. O vosso trabalho e a vossa dignidade merece o respeito de todos”, disse.
Também o padre Oleg Trushko, assistente da comunidade ucraniana greco-católica do Algarve que concelebrou na Eucaristia, sublinhou o apelo à preservação da identidade cultural. “Muitos de vós vieram para encontrar melhores condições e para ter uma vida melhor, no aspeto material. Mas não podemos esquecer também que a missão de cada um de nós, como cristãos, é não perder o nosso espírito cristão e a nossa identidade. Por isso, a celebração eucarística de hoje é um sinal de comunhão entre nós, em Cristo e com Cristo. Estamos aqui para dar o testemunho de que somos todos filhos de Deus”, disse o sacerdote da comunidade algarvia católica de rito bizantino.
Depois da Eucaristia, animada pelos cânticos típicos de cada país, a 11ª Festa dos Povos teve continuidade com o almoço-convívio na Escola EB1 de Estoi, com as gastronomias, as músicas e as danças características de cada cultura a servirem de pretexto para a aproximação e para a convivência entre as gentes que chegam ao Algarve trazidas pelos fluxos migratórios.