Falando à Lusa sobre as expetativas dos hoteleiros face ao Orçamento do Estado (OE) para 2012, Elidérico Viegas sublinhou que o acordo com a ‘troika’ “não diz que o Turismo deve ter a taxa máxima”.

“Pelo contrário, o acordo refere que deve haver estímulos ao crescimento das exportações, como forma de diminuir o nosso endividamento externo e a manutenção do IVA pode ser um desses apoios”, acrescentou o presidente da Associação dos Hotéis e Empresas Turísticas do Algarve (AHETA).

Para o dirigente hoteleiro, uma subida do IVA para a taxa máxima “será catastrófica para as empresas do setor, sobretudo se se comparar com o que acontece nos destinos turísticos nossos concorrentes”.

Exemplificou com o caso espanhol, em que a taxa de IVA aplicada é de 8 por cento, a França com 5,5 por cento e o caso grego em que, “mesmo com a situação que aquele país atravessa, estão a pensar baixar os atuais oito por cento”.

Por seu lado, os países do Norte de África concorrentes turísticos da região algarvia, como a Turquia, Tunísia e Egipto “não só não têm IVA como ainda podem fazer desvalorizações competitivas das moedas próprias”, notou.

“Em Portugal, a atual elasticidade da procura não permite transferir para o consumidor final o aumento do IVA”, declarou, asseverando ser essa a sua principal preocupação no que respeita às linhas programáticas do OE para 2012.

Sustentou que o Turismo “não pode perder mais competitividade do que já perdeu nos últimos anos” e que o setor, tal como o resto da economia, “não vai recuperar aumentando os impostos”.

Embora reconhecendo que a descida da TSU faz parte das linhas do programa estabelecido com a ‘troika’, evocou a conjuntura recente, em que “em junho e julho houve uma melhoria do número de dormidas face a 2010 com o aumento da procura externa devido às crises políticas no Norte de África, o que ajudou a esbater a diminuição da procura interna, mas depois em agosto e setembro a procura voltou a cair e continua em queda”.

Sobre as expetativas face ao OE, o líder da AHETA afirmou que as empresas hoteleiras “não esperam facilidades, mas sim mais encargos e maiores dificuldades” e criticou as dificuldades na obtenção de crédito.

Face à descapitalização dos bancos, defendeu o regresso a instrumentos estatais como o antigo Fundo de Turismo e ao Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), para financiamento das empresas do setor.

Advogou também a fusão e extinção de organismos com funções sobrepostas e reiterou a necessidade de extinguir a Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA), que considerou “esgotada no seu modelo e competências”.

Sobre a conjuntura atual do mundo do trabalho no setor, o dirigente associativo destacou a baixa produtividade da mão de obra, destacando que, devido às dificuldades económicas, “os melhores profissionais vão para o estrangeiro”.

Lusa