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Foto © Samuel Mendonça

Assinalando-se no passado domingo os 50 anos da morte do monsenhor Joaquim Alves Brás, o bispo do Algarve lembrou-o como um “verdadeiro pioneiro da pastoral familiar”, “de quem Deus se serviu para ser sinal do seu amor, da sua fidelidade e da sua presença junto das famílias”.

Na eucaristia a que presidiu na Sé de Faro, D. Manuel Quintas lembrou que “servir a família, desprovida de valores, era a grande paixão” do fundador da Obra de Santa Zita (OBZ) e do Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF), respetivamente, uma IPSS criada em 1932 para defender a dignidade e os direitos das mulheres e um instituto de vida consagrada cujo carisma e missão é o cuidado da santificação da família.

O prelado, que presidiu à celebração com “sentido de gratidão pelo dom do monsenhor Alves Brás” e também pela presença do ISCF e da OSZ no Algarve, lembrou que “é Deus que continua a agir no mundo, através de homens e mulheres que distribuem a vida nova com palavras, gestos e iniciativas”.

O bispo diocesano lembrou as obras fundadas pelo monsenhor Alves Brás “sempre com o mesmo objetivo convergente de dignificação da mulher e da família”, considerando que esta “continua a ser hoje o núcleo essencial e o carisma” de todas elas. “Salvando a família, é todo o mundo que é salvo, dizia ele”, lembrou o prelado.

D. Manuel Quintas considerou que o sacerdote “sentiu um apelo muito grande” a contribuir para defesa e promoção, sobretudo através da formação daquelas que, na altura, eram designadas por “criadas de servir”, “provenientes zonas rurais desprotegidas e, às vezes, tratadas sem a dignidade que lhes era devida”.

“Sabemos que a realidade da pastoral familiar mudou muito desde então, mas no coração das Cooperadoras da Família permanece a mesma chama, o mesmo amor, o mesmo ardor e o mesmo sentido de serviço”, constatou, manifestando a “gratidão” e o “reconhecimento” por “todo o bem” que aquele instituto continua a fazer e referindo-se aos dias de hoje como “um tempo em que se torna, cada vez mais, urgente servir a família”.

Maria de Fátima Castanheira Baptista, Cooperadora da Família e vice-postuladora do processo de beatificação do monsenhor Alves Brás, explicou no final da missa que o sacerdote vivia o “amor ao sacerdócio” com a mesma intensidade da “paixão” à família. Por isso, sustentou que “um dos fins prioritários da vida das Cooperadoras da Família é a santificação dos sacerdotes”.

Em declarações ao Folha do Domingo, aquela responsável explicou que o caminho que poderá levar à beatificação do monsenhor Alves Brás está aberto. Maria de Fátima Baptista lembrou que, em 2008, o então papa Bento XVI aprovou a publicação do decreto que reconheceu as “virtudes heroicas” do falecido sacerdote que assim recebeu o título de “venerável, faltando agora o reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão. “Todos os dias chegam à vice-postulação depoimentos de pessoas que recorreram a ele e que viram graças ser-lhes concedidas”, conta, acrescentando que “as pessoas consideram que os milagres têm acontecido”.

Depois da eucaristia, a celebração da efeméride teve continuidade à tarde com uma sessão de homenagem ao sacerdote na Casa de Santa Zita participada também por algumas pessoas que chegaram a conhecer o homenageado. Ali foi apresentado um diaporama sobre a sua vida e o alcance da sua obra nos dias de hoje e foi ainda interpretado um cântico pelas famílias apoiadas pela OSZ e apresentado um jogral pelas educadoras da sua creche, tendo a tarde terminado com um lanche-convívio.

Efetivamente a OSZ, fundada pelo padre Joaquim Alves Brás, depressa chegou ao Algarve em virtude de o sacerdote vir muitas vezes à diocese. Pese embora só tenha sido criada em Faro em 1957, em 1936 já a OSZ funcionava em Loulé, tendo chegado também a existir em Albufeira.

Para além da Casa de Santa Zita, as Cooperadoras da Família estão também no Paço Episcopal, servindo a comunidade que ali reside.

Este Ano Jubilar da morte do padre Joaquim Alves Brás concluir-se-á a 19 de junho deste ano com a Peregrinação Internacional da “Família Blasiana” a Fátima.