A visita teve início no exterior do templo, onde se deu a conhecer um texto retirado do Livro dos Génesis (Gn 28, 17-18) e que remete para a ideia de que um templo é uma porta para Deus, ou seja, um espaço de ligação profunda com o sagrado.
Entrando na catedral, os visitantes perceberam que, desde a porta, tudo está preparado para se fazer “um caminho, que não é mais do que o percurso até à salvação”, explicou Luís Santos e prosseguiu, referindo que o espaço da catedral, como é usual nos monumentos góticos, tem uma nave central, um transepto e uma abside, que formam, por assim, dizer, um corpo, com tronco, braços e cabeça, corpo esse, que representa o corpo místico da Igreja, tendo na interceção do transepto, o coração, local onde se situa o Altar, “objeto” que o guia da visita considerou ser “o mais importante de toda e qualquer Igreja, já que nele Cristo se torna presente entre os homens e nele nos mostra o final do tal caminho que temos de percorrer, ou seja, a luz, a salvação, a ressurreição”.
Junto ao altar, foi dado a conhecer ao grupo de participantes a forma como o mesmo é benzido e de como este, em particular, se situa no eixo sob a pedra angular da catedral e sobre a pedra fundamental da mesma, permitindo uma conexão simbólica entre o céu e a terra.
Também salientou o facto de todos os templos estarem posicionados em locais altos, com o altar e o transepto virados para nascente/oriente.
Muitos pormenores interessantes foram analisados, tendo cativado a atenção dos visitantes: as colunas da nave, que representam Cristo e a sua majestade e imortalidade; as colunas do transepto, que simbolizam os quatro evangelistas, pilares da fé; a importância do uso dos formatos circulares/octogonais e quadrangulares, que simbolizam a eternidade e imutabilidade de Deus; o uso de motivos vegetalistas, que remetem para a dimensão terrena e para a beleza da criação; o uso de janelas altas e com uma entrada de luz ampla, marcantes do estilo gótico, que conduzem os crentes na sua “viajem” até à salvação e o conduzem, no interior do templo, à compreensão dos espaços e do seu significado.
A visita terminou junto ao batistério, que, segundo foi explicado, se situava frequentemente no exterior dos templos, dado que é o local onde, pela ação da água, os batizandos se tornam filhos de Deus. Nesse local, Luís Santos salientou um aspeto que todos os visitantes consideraram ser do maior interesse: «Este templo reúne em cada pedra, em cada obra de arte, em cada canto as memórias de todos os que por ele passaram e os que ainda por aqui passarão. É um local onde o tempo não tem uma dimensão igual à do resto do mundo, como acontece em todos os templos.
A terceira semana destas visitas centrar-se-á na figura de “Maria, Mãe que acolhe”. Dedicada a Nossa Senhora da Conceição, a catedral de Silves tem uma profunda ligação à figura da Mãe de Cristo, existindo algumas imagens de grande beleza, que revelam a veneração dos fiéis a esta figura, desde os primórdios da sua construção. Assim, quem participar na visita que terá lugar no domingo, dia 11 de Dezembro, pelas 17h, ficará a conhecer um pouco mais da arte e da espiritualidade associada a Maria, com a ajuda de Sandra Moreira, técnica superior de comunicação.